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PT gasta seis vezes mais com campanha de Boulos que a de Rogério Correia

Partido dos Trabalhadores privilegia campanha de aliado em São Paulo em detrimento de quadro do próprio partido, em Belo Horizonte

PT privilegia candidatura de Guilherme Boulos, do PSOL, em detrimento da de Rogério Correia, do próprio partido

Candidato pelo PSOL à Prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos já arrecadou, desde o início de sua campanha eleitoral, R$ 44,8 milhões. Os recursos, servem para pagar uma série de gastos e serviços, desde gráficas até impulsionamento de publicações em redes sociais.

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Boa parte desse dinheiro partiu não de seu partido, mas de um aliado — o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao todo, o diretório nacional da legenda, comandado pela deputada Gleisi Hoffmann já repassou R$ 30 milhões à campanha de Boulos, que tem uma petista como companheira de chapa: a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. Foram dois depósitos de R$ 15 milhões no dia 3 de setembro.

O PSOL é a segunda maior fonte de arrecadação e destinou R$ 14 milhões para financiar a campanha de Boulos.

Os recursos destinados pelo PT para o aliado na disputa pela capital paulista é seis vezes maior que o que o partido investiu na campanha de um quadro da própria legenda — o deputado federal Rogério Correia. Candidato à prefeitura de Belo Horizonte, o petista recebeu, até o momento, R$ 5 milhões. Outros R$ 250 mil foram repassados peloo PSOL, partido da sua vice, Bella Gonçalves.

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Boulos e Rogério Correia enfrentam situações diferentes em suas respectivas campanhas eleitorais. Enquanto o paulista briga pela liderança na corrida em São Paulo, o mineiro ficaria de fora de um segundo turno caso o pleito fosse hoje.

Na mais recente pesquisa Datafolha, divulgada na última semana, Guilherme Boulos aparece à frente da disputa em São Paulo com 23% das intenções de voto. Empatado tecnicamente com ele, estão outros dois candidatos: o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o influenciador Pablo Marçal (PRTB), ambos com 22%.

Em Belo Horizonte, levantamento Itatiaia/Doxa divulgado no dia 29 de agosto coloca Rogério Correia em sexto lugar, com 5,8% das intenções de voto. À frente dele estão: Mauro Tramonte (Republicanos) com 29,3%; Bruno Engler com 10,7%; Fuad Noman (PSD), 10%; Duda Salabert (PDT), com 9,9% e Carlos Viana (Podemos), 8,8%.

PT privilegia diretórios estaduais

A estratégia da direção nacional do PT, além de investir na candidatura de Boulos, é priorizar o repasse para os diretórios estaduais para que estes façam a distribuição a candidatos a vereador e prefeituras. O diretório estadual de Minas Gerais, por exemplo, foi o mais beneficiado nessa divisão, recebendo R$ 25,9 milhões.

Destinatário dos recursosValor
Guilherme Boulos (PSOL)R$ 30 milhões
Diretório do PT em Minas GeraisR$ 25,9 milhões
Diretório do PT na BahiaR$ 20,4 milhões
Diretório do PT no Rio Grande do SulR$ 15 milhões
Diretório do PT no CearáR$ 10,2 milhões
Diretório do PT no ParanáR$ 9,7 milhões
Diretório do PT no PiauíR$ 9,3 milhões
Diretório do PT em São PauloR$ 8,3 milhões
Diretório do PT no Rio de JaneiroR$ 8,3 milhões
Diretório do PT em PernambucoR$ 8,1 milhões

Dentre os candidatos, o PT transferiu pouco mais de R$ 5 milhões à deputada federal Dandara, candidata à Prefeitura de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Pesquisa Ipec divulgada no dia 4 de setembro coloca a candidata em segundo lugar na disputa, com 26% das intenções de voto. O vice-prefeito Paulo Sérgio (PP), que é apoiado por Bolsonaro, tem 34%, segundo o levantamento.

A candidata à Prefeitura de Porto Alegre, Maria do Rosário, recebeu quase o mesmo valor que Correia, R$ 4,9 milhões, e as candidatas do PT em Juiz de Fora, Margarida Salomão, e em Contagem, Marília Campos, arrecadaram R$ 4 milhões com a direção nacional da legenda. Ambas tentam a reeleição em suas cidades.


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Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.