Discussões por meses a fio com reuniões canceladas ou adiadas, requerimentos e emendas contadas às centenas, e longas horas de debate em plenário — até mesmo virando a madrugada — marcaram a agenda da Assembleia Legislativa de Minas Gerais em 2025. A urgência para a aprovação do pacote de projetos enviados pelo
O foco em debates mais propositivos e com menor caráter impopular fez parte do balanço de fim de ano do presidente da Casa, Tadeu Martins Leite (MDB), após a última sessão do plenário de 2025, em 18 de dezembro. No mesmo dia,
“Nós temos que começar, a partir do ano que vem, a fazer as discussões fundamentais e necessárias como a recomposição e incorporação salariais. Nós sabemos das dificuldades dos servidores, especialmente de áreas essenciais, mas também pensar em investimentos cada vez maior em segurança pública, infraestrutura, educação, saúde, porque são áreas que os mineiros necessitam e a gente sabe que ainda o Estado precisa muito”, projetou.
Desde o primeiro mandato de Zema, a discussão sobre os projetos de lei enviados à Assembleia para autorizar o reajuste salarial do funcionalismo público foi marcada por tramitações longas, galerias cheias e desgaste para a base governista, colocada em posição de defender percentuais de recomposição salarial inferior à inflação e às demandas das categorias.
As medidas consideradas impopulares não se atém aos debates de recomposição salarial. Nos últimos anos, medidas como a mudança na contribuição para a previdência dos servidores e militares; a retirada da exigência de um referendo popular para a privatização da Copasa e a efetiva venda da empresa; e o aumento salarial do governador e seus secretários em quase 300%, exigiram da base, ampla maioria na Casa, a aprovação de textos diante de protestos nas galerias e corredores da Casa.
À Itatiaia, Tadeuzinho falou sobre a expectativa de que, no fim da legislatura, a pauta da Assembleia possa avançar com temas que atendam às demandas dos servidores. Ele cita o esforço de trabalho da Casa para a aprovação dos projetos relativos ao Propag.
“Nós fizemos tudo o necessário para dar ao Estado um fôlego financeiro, ou seja, de deixar de gastar dinheiro com juros para gastar com as pessoas. Então, espero que a partir do ano que vem, a gente tenha essa maturidade também, esse trabalho, essa priorização do governo do Estado para discutir a recomposição e incorporação salarial. Nós temos diversos servidores que têm em torno de 50% do salário em gratificações, ou seja, não incorporam, não podem tirar licença porque perdem essas gratificações ou não podem aposentar”, destacou.
Forças de segurança se mantém em protesto
Ainda na esteira do debate dos reajustes salariais para os servidores, um cenário que não deve se alterar em 2026 em relação aos últimos anos é o da mobilização dos servidores da segurança pública pelo reajuste salarial.
A pauta integra os debates da Assembleia desde o primeiro ano de mandato de Zema, quase sempre trazida à tona pelo deputado Sargento Rodrigues (PL), cujo partido já integrou a base governista, mas deixou o bloco em fevereiro deste ano.
Em 2026, os bombeiros e policiais militares, civis e penais vão retomar o debate da recomposição salarial — cuja defasagem está na casa dos 40%, segundo a categoria — amparados na promessa feita pelo Executivo de que seria possível oferecer um aumento nos vencimentos caso o Congresso Nacional derrubasse os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Propag.
“O governo está sempre criando um ‘se’. Mateus Simões (PSD), que é o governador de fato já que Zema já abandonou completamente o estado há mais de seis meses, esteve aqui na Assembleia e falou sobre os vetos. Os vetos que foram derrubados dão a eles condições de fazer o reajuste. Mas não 5% de reajuste. Isso não ameniza o sofrimento que os servidores da segurança pública estão passando, com um salário defasado na ordem de 44%. Eu espero que o governador de fato, Mateus Simões, tenha um mínimo de compromisso e que responda para que os policiais voltem a acreditar nesse governo. Hoje, todas as forças de segurança pública não têm respeito e nem confiança no atual governo”, disse Sargento Rodrigues no fechamento dos trabalhos da Assembleia.
A rusga entre as forças de segurança e a gestão estadual chega ao ano eleitoral como um entrave a ser resolvido para uma tentativa de unificação dos candidatos de direita em torno de uma campanha pela recondução de Simões ao cargo, com direito
No fim de novembro, o Congresso Nacional derrubou alguns dos vetos de Lula ao Propag. O governo Zema ficou parcialmente satisfeito com o feito conseguido no parlamento, que conseguiu, por exemplo, que o Fundo Nacional do Desenvolvimento Regional (FNDR) possa ser utilizado para o pagamento da dívida com a União, o que cria um alívio para os cofres do estado.
Desafios eleitorais
Como sói acontecer a cada quatro anos, o segundo semestre na Assembleia deve ser dominado pela pauta eleitoral. Os 77 ocupantes da casa se voltam às urnas para tentar se manter na Casa ou alçar voos além do estado com cargos em Brasília.
Até a virada do ano, a aspiração mais ambiciosa entre os deputados estaduais é a de Cristiano Caporezzo (PL), que
Com apoio de lideranças do núcleo duro de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no estado, Caporezzo tenta se confirmar na corrida que tem como competidores o presidente do PL mineiro,
Entre os parlamentares que já declararam intenção de se tornarem deputados federais estão nomes proeminentes na Casa. Caso do líder do maior bloco governista da Assembleia e presidente do PSD em Minas, Cássio Soares; e das deputadas da oposição Bella Gonçalves (PSOL) e Lohanna França (PV).
As tratativas para formar as chapas no âmbito federal, é claro, ainda não estão concluídas e devem movimentar os bastidores da Assembleia com a retomada das atividades da Casa em fevereiro. Em entrevista à Itatiaia, por exemplo, a deputada Lohanna França já adiantou que
As tentativas de convencimento não se limitam às disputas legislativas. O presidente da Assembleia é um dos nomes já citados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como prospecto para a disputa pelo Governo de Minas com apoio petista. Tadeuzinho se disse honrado com a menção presidencial,