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Apoio de produtoras a Pablo Marçal e Ricardo Nunes põe em evidência racha no funk paulistano

Candidatos do campo político conservador têm tentado se alinhar a movimentos de periferia na capital de São Paulo

Da esquerda para a direita: Rato, MC Ryan, Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB), MC Hariel e Mano Brown

O funk paulistano está rachado, e tudo por causa da eleição municipal deste ano. O apoio de produtoras do gênero dominante da maior cidade do país a candidatos do campo conservador criou um clima de tensão entre os artistas do segmento (e de fora também). As controvérsias começaram em fevereiro deste ano e ficaram ainda mais acentuadas no primeiro dia oficial de campanha pela Prefeitura de São Paulo.

Na última sexta-feira (16), o candidato do PRTB, Pablo Marçal, cumpriu agenda de campanha na zona leste da cidade. Por lá, visitou os estúdios da produtora Love Funk e se encontrou com o presidente da empresa, Henrique Viana, conhecido como “Rato”.

O encontro foi registrado nas redes sociais. Rato aproveitou a visita e fez piadas sobre o confronto entre Marçal e Guilherme Boulos, candidato do Psol, durante debate na TV Bandeirantes.

Em fevereiro, o atual prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), fechou uma parceria com a produtora GR6, Rodrigo Oliveira, para reforma de quadras esportivas. Esse movimento é visto, principalmente entre os críticos, como uma jogada eleitoral.

Ligado à GR6, MC Ryan já declarou apoio a Pablo Marçal. Assim, a Love Funk e a GR6 têm gerado um debate sobre apoios aos candidatos.

Críticos a Marçal resgataram um comentário feito pelo candidato do PRTB com críticas ao movimento: “As músicas antigas eram poesia. Agora, são ‘drives mentais’ para psicopatas, assassinos. Esses caras destruíram a música, a arte, a religião, a família. E vocês caem como patos. Admiram obras lixo. Esse povo é doente, acabaram com as músicas. Instala ‘drive mental’ de corno, de preguiçoso, de estuprador, de vagabundo”.

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Visto por fora da bolha do funk paulistano como um dos artistas mais engajados com o debate sobre realidades políticas e sociais de periferias, MC Hariel publicou um vídeo logo após a visita de Marçal à Love Funk. Gerenciado pela GR6, o artista chamou atenção de seguidores sobre a movimentação política. Com 16 milhões de seguidores no Instagram, Hariel disse que as candidaturas desse lado político seriam como “o lobo falando para os carneiros que vai virar vegetariano depois que se eleger”. “Não compactuo e fico triste em ver esse tipo de pessoa tendo abertura tão fácil no nosso movimento.”

Os apoios das produtoras a Marçal e Nunes causaram reações dos rappers Mano Brown, Filipe Ret e Djonga.

Fundador dos Racionais MC’s, Mano Brown comentou: “Eu falei para vocês que os nossos iam tomar decisões contrárias às nossas muitas das vezes”.

Ret, que tem 10 milhões seguidores em redes sociais, disse lamentar que movimentos “marginalizados” estivessem apoiando “posições políticas decadentes”.

O mineiro Djonga comentou que “tem político fingindo que gosta de funk, tem político fingindo que gosta de rap”.

Alvo de críticas, Rato, da Love Funk, se defendeu em uma rede social: “A Love Funk já mudou a vida de um monte de artista. Já empresariei artista que veio do zero. Nossa pegada é pegar gente que veio do zero e dar oportunidade. Acorda cedo e vai trabalhar em vez de acordar e ficar pensando na minha vida”.

Também em uma rede social, MC Ryan alegou que um vídeo onde ele aparece enaltecendo Marçal é antigo.

As eleições
A eleição municipal deste ano está marcada para acontecer em 6 de outubro. Caso sejam necessários segundos turnos, a disputa será no dia 27 do mesmo mês.

Em São Paulo, são 10 candidatos para a Prefeitura. Veja a lista (por ordem alfabética):

  • Altino Prazeres (PSTU)
  • Bebeto Haddad (DC)
  • Datena (PSDB)
  • Guilherme Boulos (Psol)
  • João Pimenta (PCO)
  • Marina Helena (Novo)
  • Pablo Marçal (PRTB)
  • Ricardo Nunes (MDB)
  • Ricardo Senese (UP)
  • Tabata Amaral (PSB)

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É jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Cearense criado na capital federal, tem passagens pelo Poder360, Metrópoles e O Globo. Em São Paulo, foi trainee de O Estado de S. Paulo, produtor do Jornal da Record, da TV Record, e repórter da Consultor Jurídico. Está na Itatiaia desde novembro de 2023.
Jornalista com trajetória na cobertura dos Três Poderes. Formada pelo Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), atuou como editora de política nos jornais O Tempo e Poder360. Atualmente, é coordenadora de conteúdo na Itatiaia na capital federal.