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Ainda sem decidir se será candidato à reeleição, Fuad não descarta apoios de Lula ou Zema em BH

Prefeito da capital espera início de 2024 para bater o martelo sobre disputar a reeleição, mas afirma que, quem quer disputar o pleito, ‘não pode abrir mão’ de alianças

Fuad comanda a Prefeitura de BH desde março do ano passado

“Se eu for discutir política, não trabalho”.

O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), tem recorrido a essa frase, ainda que com pequenas variações, quando perguntado sobre a possibilidade de disputar a reeleição no ano que vem. Embora afirme que só vai tomar a decisão sobre seus rumos políticos em 2024, o pessedista afirma que, caso decida colocar o nome à disposição dos eleitores, não vai dispensar eventuais apoios do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador Romeu Zema (Novo).

“Se, lá na frente, eu vier a ser candidato, e se alguém quiser apoiar a candidatura, logicamente, qualquer um que quiser me apoiar, vou querer. Se for Lula, o governador Zema ou quem quer que seja, apoio, para uma eleição quer ser candidato, não pode abrir mão”, diz, em entrevista exclusiva à Itatiaia.

Os encontros de Fuad com integrantes do governo Lula têm se tornado corriqueiros. Na semana passada, por exemplo, o prefeito recebeu o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT). Em Brasília (DF), esteve com os titulares das pastas de Minas e Energia e Transporte, Alexandre Silveira (PSD) e Renan Filho (MDB), respectivamente.

Havia, inclusive, a expectativa por uma visita de Lula a BH na semana que vem, mas a agenda foi cancelada pelo agravamento das dores no quadril sentidas pelo presidente. Apesar das reuniões com representantes da gestão federal, Fuad garante que as conversas se pautam por demandas da capital, como a atração de recursos para obras previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Para amparar a justificativa, o prefeito cita o lançamento da pré-candidatura do deputado federal petista Rogério Correia ao Executivo belo-horizontino.

“Em momento nenhum se discutiu política ou apoio (na visita de Padilha), mesmo porque o PT já lançou um candidato. A presidente (Gleisi Hoffmann) esteve aqui e lançou um candidato. Então, não tem nenhum compromisso (eleitoral)”, assegura.

O político do PSD atribui a proximidade ao governo federal à decisão de apoiar Lula contra Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno presidencial do ano passado.

“Foi uma decisão que tomei olhando para BH, já que a cidade não tinha sido atendida pelo governo anterior. Achei que era preciso mudar o foco de BH. Em momento nenhum discutimos eleição ou apoio para lá ou para cá. Tenho ido a Brasília para buscar recursos do PAC, para construir moradias populares e para resolver a questão do aeroporto Carlos Prates”, relembra.

PSD vê Fuad como ‘candidato natural’

Em que pese o fato de Fuad ainda não ter batido o martelo sobre tentar, ou não, a reeleição, a direção do PSD mineiro vê o prefeito como “candidato natural” da sigla em BH. A avaliação foi feita nesta semana pelo deputado estadual Cássio Soares, presidente dos diretórios municipal e estadual da agremiação, afirmou

“Belo Horizonte, bem sabemos, tem muitos desafios a serem alcançados, problemas a serem resolvidos, e o prefeito Fuad está dedicado à solução desses problemas que a população da capital enfrenta. Nós, do partido, estamos preparando essa condição, preparando a nossa chapa de vereadores e, no momento adequado, o prefeito Fuad vai poder fazer o seu anúncio de pré-candidatura”, projetou.

A posição de Soares é, de certa forma, endossada pelo prefeito. “Eleição é no ano que vem, não está na pauta. Acho que o presidente do PSD (deputado Cássio Soares) tem razão. Normalmente, quem é prefeito é o candidato natural, mas só vou decidir se sou candidato ou não no início do ano que vem”, reforça.

Soares marcou posição a respeito do assunto após o deputado federal Luiz Fernando Faria, que é filiado ao PSD , convidar o vereador Gabriel Azevedo (sem partido) para se filiar à agremiação. Presidente da Câmara Municipal, Gabriel acumula embates com Fuad e, recentemente, viu ser aberta uma investigação que pode culminar em sua cassação.

De acordo com o presidente do PSD mineiro, o convite a Gabriel foi “ação individual” de Luiz Fernando Faria.

“Ele deve ter tido os seus motivos, mas não foi uma ação combinada, articulada com os demais membros do partido, nem comigo, que estou presidente estadual e municipal do PSD. Dessa forma, caminhamos com o propósito de fortalecimento da gestão e do compromisso político com o prefeito Fuad”, assinalou.

Prefeito vê Lula e Zema ‘alinhados’

Além da boa relação com representantes do Palácio do Planalto, Fuad tem interlocução com Marcelo Aro, ex-deputado federal do PP e Secretário de Estado de Casa Civil de Zema. O governador do estado e o prefeito têm, em Aro, um articulador político importante.

Apesar de Lula e Zema estarem em espectros políticos distintos, Fuad vê algum grau de “alinhamento” entre eles.

“Vejo que governador e presidente estão alinhados, por exemplo, em trazer recursos do PAC para obras em Minas Gerais. Temos a BR-381, que deve ter a operação aprovada, a BR-040, que está no programa (o PAC). Ou seja: tem muita coisa acontecendo entre o governo federal e o governo estadual. Isso é um ato republicano. O presidente, em momento nenhum, fez discriminação com o estado, e o governador tem sido muito correto em dizer que está aberto para recebê-lo”, considera.

Nessa sexta-feira (21), Fuad e Zema estiveram juntos no evento de sanção do projeto de lei (PL) de regularização da Ocupação Izidora, em solo belo-horizontino.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.
Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.