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Cúpula do Cidadania aprova afastamento de Roberto Freire da presidência do partido

Dirigente estava no comando da legenda há cerca de três décadas; foram 67 favoráveis à mudança

Roberto Freire foi Ministro da Cultura no governo de Michel Temer, do MDB

A cúpula do Cidadania aprovou, neste sábado (9), o afastamento de Roberto Freire da presidência do partido. Segundo apurou a Itatiaia, foram 67 votos favoráveis pela saída dele do comando da legenda. Outras 29 pessoas se manifestaram favoravelmente à continuidade de Freire.

O dirigente estava na presidência do Cidadania há 30 anos. Outrora chamado de Partido Popular Socialista (PPS), a agremiação mudou de nome em 2019.

Com o afastamento, Plínio Comte Bittencourt, líder do Cidadania no Rio de Janeiro, vai assumir a presidência da sigla. Ele foi deputado estadual. A decisão sobre Freire implica, também, na saída do ex-deputado federal Daniel Coelho (PE) da vice-presidência do partido.

A crise no Cidadania tem, como pano de fundo, a decisão do diretório nacional do partido de declarar apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Há, no partido, deputados à direita que têm defendido independência em relação ao governo federal.

Mais cedo, em nota enviada à imprensa, Freire afirmou que não se trata de apoiar ou não o governo Lula, mas de aderir de forma “acrítica a valores que não seriam os da sigla em nome de verbas e cargos”.

Roberto Freire tem raízes políticas no comunismo. Em 1989, ele disputou a Presidência da República pelo PCB. Depois, nos anos 1990, o antigo PPS surgiu das mãos de dissidentes do PCB. Com o passar do tempo, o partido foi caminhando para o centro do espectro político.

Bastidores

No início da reunião, um integrante do grupo político de Freire apresentou, à Executiva do Cidadania, uma carta em que o fundador do partido pedia uma licença do posto de presidente. O documento gerou debate sobre os efeitos do afastamento. Havia dúvidas se a saída dele do comando da agremiação seria definitiva ou temporária.

Duas propostas, então, foram apresentadas. A maioria das lideranças decidiu pelo afastamento definitivo de Freire com a realização imediata de uma eleição para definir um novo comandante até o fim do mandato do antigo presidente. Nesse contexto, aconteceu a opção por Comte Bittencourt.

Durante as conversas, houve quem defendesse a permanência de Roberto Freire como presidente licenciado, desde que outro nome do Cidadania assumisse as funções inerentes ao cargo. A ideia, porém, acabou rejeitada.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.