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Quem é Gabriel Monteiro, político suspeito de estupro que se casou na prisão

Gabriel Monteiro está preso preventivamente há nove meses acusado de estupro e assédio moral e sexual

Gabriel Monteiro foi vereador e policial militar no Rio de Janeiro

Preso desde o dia 7 de novembro de 2022, o ex-vereador do Rio de Janeiro, Gabriel Monteiro se casou em maio deste ano com a namorada Ana Carolina Chagas, na Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira.

Ex-policial militar e youtuber, Gabriel Monteiro tem 28 anos e foi eleito vereador pelo PSD em 2020, sendo o terceiro mais votado da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Ele está preso preventivamente por suspeita de estupro, e foi cassado em agosto do ano passado por quebra de decoro parlamentar.

Ele também é acusado de abuso de autoridade, calúnia, além de assédio moral e sexual contra cinco pessoas, entre elas servidores e ex-funcionários.

Deserção da Polícia Militar

Com mais de 2 milhões de inscritos em seu canal de Youtube, Gabriel Monteiro se envolveu em sua primeira polêmica pública em agosto 2020, quando ainda era soldado da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Na época, a instituição o processou por deserção, acusando-o de não aparecer para trabalhar há quase dois meses.

Gabriel alegou que estava de licença médica após sofrer uma série de problemas de saúde como pressão alta, crises de ansiedade e uma cefaleia causada pelo trauma de uma tentativa de homicídio. A Polícia Militar negou que tenha recebido algum laudo médico do soldado, e ainda afirmou que Gabriel teria mau comportamento e faltou ao serviço 52 vezes durante o período em que trabalhou como militar.

Apesar disso, Gabriel Monteiro conseguiu reverter o processo na Justiça. No mesmo ano ele largou a Polícia Militar para concorrer a vereador do Rio de Janeiro pelo PSD. Meses depois ele mudaria para o Partido Liberal. Em seu primeiro mandato, Gabriel Monteiro apresentou 16 projetos de lei ou de emendas à Lei Orgânica do município. Ele foi o terceiro vereador que registrou menos proposições.

Uma de suas propostas seria a criação da “Rua do Grau” — “espaço destinado à prática de manobras com motocicletas”, e a disponibilização de livro de reclamações nas unidades públicas de saúde.

Escolta militar irregular

Durante a campanha de 2020, Gabriel Monteiro foi investigado pela Polícia e o Ministério Público do Rio de Janeiro por uma suposta escoltar militar irregular. Ele foi flagrado durante uma agenda da campanha usando colete à prova de balas e cercado de homens armados.

Gabriel alegou que estava sofrendo ameaças de morte e que a escolta seria da inteligência da Polícia Militar, mas a corporação negou e disse que a Corregedoria instaurou um procedimento para apurar a conduta dos policiais que aparecem no vídeo.

Em junho de 2021, o juiz Alberto Republicano Macedo Júnior afirmou que o vereador estava se valendo da escolta policial para realizar diligências que fugiam ao escopo da atividade legislativa.

Abuso de autoridade e calúnia

Entre outras denúncias, Gabriel Monteiro é acusado de abuso de autoridade após dar voz de prisão contra uma médica que supostamente estava dormindo enquanto havia uma fila para atendimento, na UPA da Zona Norte do Rio.

Ele também foi obrigado pela Justiça a retirar diversos vídeos do seu canal de YouTube onde acusava policiais militares de crimes como contravenção e tráfico de drogas. Na época, ele precisou pagar 40 salários mínimos a um coronel que ele havia acusado de envolvimento com traficantes da Maré.

Crimes sexuais

Em março de 2022, o Fantástico entrevistou cinco pessoas que acusavam Gabriel Monteiro de assédio moral e sexual. Entre eles servidores, ex-funcionários e uma mulher que teve relações sexuais com o vereador. Em abril, a casa do político foi alvo de uma operação da Polícia Civil, após o vazamento de um vídeo íntimo em que Gabriel estupra uma adolescente de 15 anos.

Quatro meses depois, Gabriel Monteiro foi cassado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro por quebra de decoro parlamentar, devido ao vazamento do vídeo. Outra vítima ainda acusa o vereador de apontar uma arma para ela durante uma relação sexual não consensual, e conta que contraiu HPV por ele não ter usado preservativo.

Na época, três assessores do vereador relataram que ele costumava praticar sexo com menores de 18 ano na presença dos seus funcionários.

Investigação no Conselho de Ética

Além dos crimes de estupro e assédio sexual, o Conselho de Ética da Câmara do Rio ainda analisou sete requerimentos questionando o vereador por abuso de autoridade, um deles em que Gabriel invade um CTI de Covid para fazer vídeos.

Em seu canal de Youtube, o ex-PM costumava fazer “experimentos sociais”. Em um deles, ele orienta uma pessoa supostamente em situação de rua a furtar a bolsa de uma mulher na capital do Rio de Janeiro. Quando o homem finalmente concorda, o vereador aparece para confrontá-lo.

Outro vídeo ainda mostra Gabriel Monteiro fazendo que “tem que matar gay e ter raiva de gay”. A Câmara ainda analisou um requerimento aberto após Gabriel se envolver em uma confusão em um bingo clandestino.

Candidato a deputado federal em 2022, o ex-PM teve o registro da candidatura negado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio de Janeiro. O pai e a irmã de Gabriel, Roberto e Giselle Monteiro foram eleitos como deputados federal e estadual, respectivamente.