Presidente nacional do Avante, o deputado federal Luis Tibé diz que a “sobrevivência” do partido passa diretamente por Minas Gerais. Foi no estado que a legenda fez cinco de seus sete deputados federais eleitos no ano passado. Expoentes da agremiação, como o parlamentar André Janones, apontam Minas como a principal vitrine do Avante. Por isso, dirigentes começam a traçar estratégias para as eleições municipais do próximo ano. A meta é conseguir 100 das 853 prefeituras mineiras — hoje, são 78.
E, se interior afora o Avante se organiza para encabeçar chapas, em Belo Horizonte a construção é diferente. Isso porque, neste momento, a prioridade do partido é oferecer apoio à reeleição do prefeito Fuad Noman (PSD), que ainda não bateu o martelo
“Tivemos quase 1 milhão de votos (em Minas) e elegemos cinco deputados federais. É um dos maiores partidos do estado e, na próxima eleição, seremos o maior partido em número de prefeitos”, afirma Tibé, à Itatiaia.
O partido, aliás, mudou de comando em Minas Gerais. Tibé acumulava as presidências estadual e nacional, mas repassou o comando da Executiva local a Alex de Freitas, ex-prefeito de Contagem, na Região Metropolitana.
Tido como uma figura dos bastidores políticos e dos processos de articulação, Freitas aponta as cidades acima de 50 mil eleitores como um dos focos de atuação do Avante.
“A gente pretende chegar a 100 ou 110 prefeitos (em 2024). Quem sabe, 120”, projeta.
Na prática, Freitas toca processos que, antes, eram conduzidos por Eduardo Serrano, o “He-Man”, homem de confiança de Tibé em Minas. “He-Man” deixou as funções no Avante em março para chefiar o gabinete do senador Carlos Viana (Podemos-MG). Viana, por sua vez, se movimenta nos bastidores
Janones ampara tática eleitoral
A principal figura pública do Avante é o deputado federal mineiro André Janones. Apoiador do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele chegou a lançar uma candidatura ao Palácio do Planalto no ano passado, mas abriu mão da ideia para apoiar o petista. Janones já tinha, inclusive, acordo para formar uma coligação com o Agir — que acompanhou o Avante rumo à coalizão de Lula.
O bom desempenho do Avante em Minas foi essencial para o partido superar a cláusula de barreira, que prevê patamares mínimos de desempenho das chapas que disputam os 513 assentos da Câmara dos Deputados. Um desempenho ruim impede o partido de acessar mecanismos como o tempo de propaganda gratuita em rádio e televisão.
“Muita gente duvidava que fôssemos capazes de ultrapassar a cláusula de barreira. Depois da última eleição, não existe mais partido médio, pequeno ou grande. Todos que conseguiram passar são grandes. Vimos muitos partidos com muita história não conseguindo ultrapassar a cláusula e praticamente deixando de existir”, assinala Janones.
Partidos com certo lastro histórico, de fato, ficaram para trás na cláusula de barreira. É o caso, por exemplo, do tradicional PTB e do Novo, do governador Romeu Zema. Pros e Solidariedade também amargaram resultados negativos — e, por isso, costuraram uma junção.
Mãos estendidas a Fuad
As direções municipal, estadual e nacional do Avante comungam do sentimento de que, neste momento, o apoio a Fuad é o caminho do partido. Claudiney Dulim, presidente da legenda em BH e secretário de Assuntos Institucionais do Executivo Municipal, crê em “uma grande aliança de partidos” em torno do prefeito do PSD.
Segundo Dulim, as forças simpáticas a Fuad estão dispostas a receber partidos ao centro e, também, siglas com inclinações à centro-direita e à centro-esquerda. Como mostrou a Itatiaia na semana passada, o PT não descarta dar apoio ao prefeito. A possibilidade é vista com bons olhos pelo secretário.
Luís Tibé, por sua vez, garante que o Avante vai trabalhar “arduamente” para reeleger Fuad em caso de candidatura do pessedista.
“Temos todo o interesse de que Fuad siga sendo candidato. Ele representa a boa política mineira. Fazia falta isso na capital, de trazer um pouco de ponderação. Ele é um pacificador e gosta do diálogo. Belo Horizonte precisava muito disso”, concorda Alex de Freitas.
Federação chegou a ser cogitada
No início do ano, quando PP e União Brasil debatiam a possibilidade de formar uma federação partidária, o Avante
O plano era unir os três partidos em uma coalizão que, na prática, funcionaria como um partido “único”, a exemplo do que acontece com o trio formado por PT, PCdoB e PV, bem como as duplas Psol-Rede e PSDB-Cidadania. As tratativas, no entanto, não avançaram.