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ALMG: oposição anuncia obstrução até que Zema apresente reajuste salarial dos servidores

Estratégia tem como objetivo impedir votação de projetos defendidos pelo governo de Minas até que recomposição salarial seja proposta

Líder da oposição, Ulysses Gomes

A oposição ao governo de Romeu Zema na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) anunciou nesta quarta-feira (17) que vai obstruir os trabalhos no plenário e nas comissões temáticas até que o Palácio Tiradentes apresente projeto de lei para conceder a recomposição salarial dos servidores públicos do Executivo.

A exigência inclui também a apresentação do projeto de lei com o reajuste do piso salarial da educação básica. No final de abril, representantes do governo estadual disseram em audiência pública que o piso em Minas Gerais seria reajustado em 12,84%. Até o momento, no entanto, nenhuma proposta foi enviado à ALMG.

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A Itatiaia questionou o governo Zema se há uma data para os projetos serem enviados à ALMG. Esta matéria será atualizada quando houver resposta. Em 2022, o projeto de reajuste salarial, à época de 10,06%, foi apresentado pelo governo e enviado ao Legislativo estadual no dia 24 de fevereiro.

O que é obstrução?

Na prática, a obstrução significa que os deputados estaduais de oposição vão utilizar todas as ferramentas previstas no Regimento Interno para impedir e atrasar a votação de projetos de lei.

Tradicionalmente, quando entram em obstrução os parlamentares apresentam centenas de requerimentos, fazem uso de todo o tempo que têm direito para discursar e tentam esvaziar o quórum das reuniões para que elas sejam encerradas.

Com 20 dos 77 deputados estaduais, a oposição é minoria na ALMG. Embora não tenha força para, sozinha, rejeitar projetos apresentados por Zema, o número é suficiente para praticamente impedir votações por meio da estratégia de obstrução.

Líder da oposição, Ulysses Gomes (PT) disse durante a reunião de plenário desta quarta-feira (17) que o governo Zema tem preparado sua base de deputados para aprovar privatizações das empresas públicas e ampliação do incentivo fiscal concedido às locadoras de veículos.

“Nós vamos obstruir essa semana todos os dias para que a gente não avance nessa pauta e na semana que vem, se a gente não conseguir sinais nesse sentido [da apresentação do reajuste dos servidores], nós vamos obstruir também nas comissões”, declarou ele.

“Não tem cabimento o governo conseguir, a toque de caixa, aprovar aumento de 300% para o governador e não sinalizar nenhuma proposta de reajuste aos servidores públicos da educação, da saúde, da segurança pública, de todos os servidores”, continuou o petista.

‘Super natural’, diz líder de Zema

Questionado pela Itatiaia, o líder de Governo, Gustavo Valadares (PMN), avaliou que a obstrução é um direito da oposição e que o posicionamento de Ulysses Gomes é “super natural”.

“O que nós vamos ter que fazer é dialogar, dialogar e dialogar para chegarmos a um bom termo que atenda todo mundo e que resolva a tramitação dos vetos que estão trancando a pauta e do projeto da Fucam que precisa ser votado para o governo”, disse ele.

Há dois vetos de Zema ao projeto de Lei Orçamentária Anual de 2023 trancando a pauta. O governador barrou alterações feitas pela oposição.

Entre elas, a proibição de utilização de recursos públicos no projeto Somar, que repassa a gestão de escolas estaduais para organizações sociais (OS) do terceiro setor, e também em hospitais da rede estadual cujas gestões sejam feitas por essas mesmas organizações.

Dificuldades com a Fucam

Apesar de ter o apoio de 57 parlamentares, o governo Zema enfrentou dificuldades nos últimos dias para colocar em votação o projeto de autoria do governador que propõe a extinção da Fundação Caio Martins (Fucam) e sua incorporação pela Secretaria Estadual de Educação.

O texto estava pronto para ser votado em plenário na última quinta-feira (11), mas a reunião foi encerrada por falta de quórum - não havia o mínimo de 26 deputados presentes. O mesmo aconteceu na terça-feira (16).