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CPMI de 8 de janeiro: Rogério Correia quer tomar depoimento de Bolsonaro e quebrar sigilos

Indicado pelo PT para compor a comissão, deputado federal de Minas Gerais diz que grupo vai apurar se Bolsonaro foi ‘mandante’ dos atos antidemocráticos

Rogério Correia é o candidato do PT à prefeitura de BH

Um dos representantes da federação encabeçada pelo PT na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, o deputado federal Rogério Correia (MG) diz que o comitê terá de tomar o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o petista, será preciso apurar se Bolsonaro foi o “mandante” da manifestação que terminou com a tomada de prédios dos três Poderes da República.

“O senhor Jair Bolsonaro será, evidentemente, ouvido pela CPMI. Seu sigilo terá de ser quebrado — seja telefônico, bancário ou de e-mails. Recai sobre ele uma ampla investigação”, disse Correia, à Itatiaia

A federação partidária formada por PT, PCdoB e PV pôde indicar três dos representantes da Câmara dos Deputados na CPMI. Além do parlamentar mineiro, foram escolhidos o petista Rubens Pereira Júnior (MA) e a comunista Jandira Feghali (PCdoB).

“Ele incentivou que as pessoas fossem para a frente dos quartéis, disse que as urnas eletrônicas eram fraudadas e, durante todo o processo de seu governo, falou em golpes e atacou o Supremo Tribunal Federal (STF), o processo democrático, e assim por diante”, acusou o deputado de Minas Gerais.

Na visão de Correia, os atos de 8 de janeiro foram gestados por um “processo de golpe” — pensado, segundo ele, para manter Bolsonaro no poder.

“Existem os que financiaram, os que participaram e a autoria intelectual (do protesto antidemocrático). Hoje, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem, contra ele, um inquérito no STF e na Polícia Federal como principal suspeito de ser o mandante desse crime — ou seja, o autor intelectual de todo esse procedimento”, afirmou.

A apuração conduzida pela CPMI, de acordo com Rogério Correia, vai tratar de outros nomes ligados ao bolsonarismo, como o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. O petista citou, também, o general Walter Braga Netto (PL), ex-ministro da Casa Civil e da Defesa que, no ano passado, foi candidato a vice-presidente na chapa situacionista.

‘Tiro no pé’

À Itatiaia, Rogério Correia disse que os congressistas de oposição a Lula “deram um tiro no pé” ao longo do processo que culminou no sinal verde à instalação da CPMI.

“Queriam fazer uma narrativa que ninguém acredita que a culpa de tudo o que aconteceu foi de quem tentou ser golpeado”, pontuou, em menção ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A bancada de oposição a Lula na CPMI, aliás, também terá uma “fatia” mineira. Isso porque Nikolas Ferreira, do PL, será um dos suplentes do colegiado.

“Chega de aturar deboche de comunistas, vou atrás da verdade. Daremos o nosso melhor”, escreveu ele, nas redes sociais, nesta semana.

Quem também deve ser reserva na CPI é o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), eleito parlamentar federal com o apoio de Bolsonaro.

De volta à esquerda, Duda Salabert deve ser uma das representantes do PDT. A instalação da CPMI tende a ocorrer na próxima semana.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.