Após cerca de quatro horas de duração, chegou ao fim na tarde desta quarta-feira (5) o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro à Polícia Federal no caso das joias que teria recebido como presente do governo da Arábia Saudita.
Segundo o aliado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, o depoimento ocorreu de forma “tranquila”. “O depoimento do (ex) presidente da República Jair Bolsonaro transcorreu de maneira absolutamente tranquila, tendo respondido a todas as indagações feitas pela PF. Foi uma ótima oportunidade para esclarecimentos dos fatos”, publicou ele em uma rede social.
Bolsonaro afirma que não cometeu irregularidades
De acordo com a CNN Brasil, no depoimento Bolsonaro declarou que está convicto que não cometeu nenhuma irregularidade. O presidente teria dito que todos os procedimentos foram feitos por ofício, o que, segundo um aliado do ex-presidente, demonstraria a transparência dos atos praticados.
Segundo a emissora, o ex-presidente afirmou que ficou sabendo das joias em dezembro de 2022, um ano após a chegada delas ao Brasil e que não se recorda de quem o avisou sobre a apreensão delas pela Receita Federal.
Entenda o caso
O encontro com a PF ocorre seis dias depois de Bolsonaro desembarcar no Aeroporto Internacional de Brasília após um período de três meses em Orlando, nos Estados Unidos. Ele viajou para o país norte-americano em 30 de dezembro, na véspera do término de seu mandato.
Até o momento, as investigações revelaram que, ao menos três estojos com joias teriam como destinatário o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família. Dois deles foram incorporados ao patrimônio pessoal do candidato derrotado nas urnas em outubro de 2022 - e devolvidos ao patrimônio da União.
O caso das joias por revelado pelo jornal Estado de S. Paulo em fevereiro. Na ocasião, uma reportagem revelou que um estojo com joias avaliadas em R$ 16,5 milhões - e que seriam destinadas à primeira-dama, Michelle Bolsonaro - foi apreendido por servidores da Receita Federal. O caso aconteceu em 2021, quando um assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentou entrar no país com o kit escondido em uma mochila.
Joias devolvidas
As joias ficaram retidas na Receita Federal, já que não foram declaradas ou incorporadas ao patrimônio da Presidência da República. No entanto, após a apreensão foram feitas ao menos oito tentativas para que as joias fossem liberadas. A última delas, no dia 28 de dezembro, quando um militar teria sido designado pelo tenente-coronel Mauro Cid para ir até o Aeroporto de Guarulhos para tentar a liberação.
Um segundo estojo com joias, entre elas um relógio, um par de abotoaduras, uma caneta, um anel e um masbaha (uma espécie de rosário islâmico) teria sido entregue a Bolsonaro em mãos pela comitiva do ministro Bento Albuquerque. Os itens seriam avaliados em cerca de R$ 400 mil e foram devolvidos pelos advogados de Bolsonaro após decisão do Tribunal de Contas da União (TCU).
O Tribunal também determinou a devolução de um terceiro estojo de joias, que foram entregues a Bolsonaro em 2019, durante uma visita a Riad, capital da Arábia Saudita e a Doha, no Catar. O presente incluía um relógio Rolex em ouro branco e cravejado de diamantes e seria avaliado em R$ 500 mil.