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Número de trabalhadores por aplicativo cresce para 1,7 milhão de pessoas, diz IBGE

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostra um crescimento de 25% nos trabalhadores por plataformas desde 2022

Trabalhadores por aplicativo ganham quase R$ 3 mil por mês

O número de brasileiros trabalhando por meio de plataformas de aplicativo cresceu 25,4% entre 2022 e 2024, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (17). Em números totais, o contingente chega a 1,7 milhão de pessoas.

Segundo o IBGE, mais de 58% dessa categoria trabalhavam por meio de aplicativos de transporte de passageiros, cerca de 964 mil. Outros 30% eram trabalhadores de aplicativos de entrega de comida ou outros produtos, número que chega em 485 mil pessoas. Trabalhadores de aplicativos de prestação de serviços gerais somavam 17,8% (294 mil).

No recorte ocupacional, há um predomínio de operadores de instalações e máquinas, cerca de 72%, que estariam trabalhando como condutores por aplicativo. O agrupamento dos profissionais das ciências e intelectuais, que representam uma força de trabalho mais qualificada, respondeu a 5% do total de plataformizados.

O analista da pesquisa, Gustavo Geaquinto, explica que esse grupo abrange diversas áreas de ocupações, como profissionais da área de TI, designers gráficos, arquitetos, tradutores, médicos, dentre outras. Ele ressalta que, apesar de representarem uma pequena parcela dos trabalhadores por aplicativos, foi o grupo que mais expandiu sua participação (1,5 p.p) em relação a 2022.

“Esse crescimento pode sinalizar maior diversificação de ocupações exercidas e de serviços prestados por meio de plataformas digitais, o que é corroborado pelo fato de que as plataformas de serviços gerais ou profissionais foram as que mais expandiram no período, apesar de ainda responderem por menos de 1/5 dos trabalhadores plataformizados”, disse.

Trabalhadores de app ganham quase R$ 3 mil por mês

A pesquisa revela que o rendimento médio mensal dos trabalhadores por plataformas é de R$ 2.996, cerca de 4,2% maior que o rendimento médio dos trabalhadores convencionais. No entanto, eles registram um rendimento por hora 8,3% menor, com uma jornada de trabalho 5 horas mais extensa (44,8 h/semana) do que os trabalhadores não-plataformizados (39,3h).

Geaquinto ressaltou que nessa comparação é importante considerar a disparidade na composição dos dois grupos quanto ao nível de instrução. Pelo os dois menores níveis de instrução, o rendimento médio mensal real das pessoas que trabalhavam por aplicativos ultrapassava mais de 40% o rendimento dos que não faziam uso das plataformas.

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Por outro lado, entre as pessoas com o nível superior completo, o rendimento dos plataformizados (R$ 4.263) era quase 30% inferior daqueles que não trabalhavam por meio de aplicativos de serviços (R$ 6 mil).

“No caso dos ocupados com curso superior completo, uma parte considerável dos trabalhadores plataformizados exercem ocupações que exigem níveis de qualificação inferiores as que possuem, enquanto uma menor proporção desses trabalhadores, quando comparados aos não plataformizados, estão inseridos como profissionais das ciências e intelectuais ou como diretores e gerentes, que são grupamentos ocupacionais com maiores rendimentos médios”, explicou o analista.

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.