Economia brasileira tem queda inesperada em outubro, mostra ‘prévia do PIB’

Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) calculado pelo Banco Central teve uma queda, enquanto o mercado financeiro previa uma alta

Mais sensível a taxa de juros, indústria teve queda de 0,7% em outubro

A economia brasileira iniciou o quarto trimestre com uma queda de 0,2% em outubro, segundo dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR) divulgado nesta segunda-feira (15), considerado também a prévia do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado surpreendeu o mercado, que esperava uma alta de 0,1% para o mês.

Esse é o segundo mês seguido de queda do IBC-BR, que teve uma retração de 0,2% em setembro. Dessa vez, o resultado foi impactado por um recuo de 0,7% na atividade industrial, e de 0,2% no setor de serviços, contrariando os resultados setoriais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado só não foi pior por conta de um avanço de 3,1% no setor agropecuário. Sem esse impulso, a queda na atividade econômica medida pelo Banco Central seria de 0,3%, de acordo com o economista sênior do banco Inter, André Valério.

“Dessa forma, o IBC-Br sugere a continuidade da tendência de acomodação do crescimento, movimento que também é observado nos dados do IBGE. Isso ocorre apesar das altas registradas em outubro, que refletem os efeitos defasados da política monetária restritiva”, disse o especialista.

Segundo Valério, nos segmentos mais sensíveis à política monetária, nota-se os impactos da taxa de juros elevada em 15% ao ano. A indústria, por exemplo, apresenta resultados fracos em diversos grupos para além dos afetados pelo tarifaço dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, há uma desaceleração na venda de alimentos no varejo (supermercados) e no setor de serviços (restaurantes).

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“Assim, o cenário aponta para uma desaceleração já consolidada da atividade econômica, ainda que não intensa o suficiente para indicar uma recessão no horizonte. Essa deterioração, combinada à desinflação recente, reforça nossa expectativa de início dos cortes da Selic no primeiro trimestre, em especial na reunião de janeiro”, explicou.

Com o resultado, a expectativa é de que acomodação do crescimento da economia brasileira ao longo do quarto trimestre, com o PIB apresentando estabilidade no período e encerrando o ano com alta de 2,2%.

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

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