Banco Central mantém Selic em 15% na última reunião do Copom em 2025

Taxa básica de juros vai encerrar o ano sem alteração, com corte sendo esperado somente no primeiro trimestre de 2026

Corte de juros deve vir somente no primeiro trimestre de 2026

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano pela quarta reunião seguida nesta quarta-feira (10), o último encontro do colegiado em 2025. A decisão já era esperada pelo mercado, de acordo com o tom cauteloso adotado pela autoridade monetária no comunicado de novembro, além de declarações do presidente da autarquia, Gabriel Galípolo.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. O patamar elevado aos 15% é usado com o objetivo de desacelerar o consumo e levar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o centro da meta de 3%. Nessa lógica, a autoridade monetária tem ressaltado que está confiante em manter a política monetária restritiva por “período bastante prolongado” caso seja necessário.

Nesta quarta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados do IPCA de novembro, revelando uma inflação acumulada de 4,46% nos últimos 12 meses. Apesar da inflação entrar dentro do teto da meta, que considera um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p), Galípolo tem sido firme ao afirmar que o BC persegue o centro da meta.

A expectativa, de acordo com o último Boletim Focus, é de que a Selic tenha seu primeiro corte somente na reunião de março. A pesquisa com os principais economistas mostra que o corte previsto para janeiro, já não está mais no radar do mercado financeiro.

Na avaliação do gestor de renda fixa do Inter Asset, Ian Lima, o Banco Central demonstra que está satisfeito com o nível atual de aperto monetário, e ainda busca avanços adicionais “antes de iniciar o afrouxamento” da taxa básica de juros. O especialista também ressalta que o cenário eleitoral de 2026 traz novas incertezas.

“Dado o histórico mais conservador da atual diretoria, o cenário mais provável é de início do ciclo de corte em março de 2026. Além disso, o ano eleitoral traz incertezas adicionais sobre o comportamento do câmbio e das projeções de mercado. Nesse ambiente, a Selic pode encerrar o próximo ano em 12% ao ano, com possibilidade de níveis menores dependendo do desenrolar do cenário eleitoral”, disse.

“O comunicado veio duro e deve afetar os contratos de juros com vencimentos mais curtos, até 12meses, mas a evolução da projeção de inflação deixa a porta aberta para um início de ciclo de corte em março”, complementa Ian Lima.

Qual o impacto da taxa de juros

A Selic é a taxa de referência do mercado financeiro. Quando a taxa sobe, as taxas de juros reais também tendem a subir, que pode levar a diminuição de investimentos pelas empresas e à diminuição de consumo por parte das famílias. Isso ocorre porque o crédito fica mais caro, na medida em que a taxa de juros cobrada pelas instituições financeiras também sobe, desestimulando inclusive o financiamento de bens duráveis.

Outro canal importante de transmissão da política monetária é a taxa de câmbio, principalmente nas economias emergentes. Quando a taxa de juros sobe, a moeda doméstica tende a se valorizar. O dólar, por exemplo, fica mais barato frente ao real, diminuindo o nível de preço dos bens comercializáveis internacionalmente.

A política monetária atua também por meio de variações na riqueza dos agentes econômicos. Por exemplo, um aumento nas taxas de juros, ao desestimular a atividade econômica e o lucro das empresas, tende a diminuir o preço das ações. Essa redução do valor da riqueza financeira das famílias e empresas pode desestimular os planos de investimento.

Leia também

Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

Ouvindo...