Banco Central dos EUA faz o terceiro corte seguido na taxa de juros

Federal Reserve (Fed) voltou a ponderar a desaceleração do mercado de trabalho dos Estados Unidos para cortar a taxa básica de juros

Corte de 0,25 p.p já era esperado pelo mercado de trabalho

O Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, decidiu nesta quarta-feira (10), na última reunião do ano, realizar o terceiro corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros. Com a decisão, a autarquia leva o intervalo da taxa para entre 3,5% a 3,75%, repetindo as reduções das reuniões de setembro e outubro.

A decisão contraria o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que defende cortes mais agressivos na taxa. O republicano, inclusive, tentou demitir diretores do Fed ao longo do ano e fez duras críticas ao presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, que deve ser substituído no início de 2026 por um indicado da Casa Branca.

Apesar das pressões de Trump, o corte de 0,25 p.p já era esperado pelo mercado financeiro. Declarações de diretores do Fed ressaltaram a preocupação da autarquia com a desaceleração do mercado de trabalho, mesmo com a inflação americana ainda em patamares elevados, calculada em 2,8%.

Em comunicado, o Fed ressaltou que os diretores buscam alcançar o máximo emprego e uma inflação de 2% no longo prazo. Porém, as incertezas quanto às perspectivas econômicas permanecem elevadas, justificando o tom cauteloso adotado.

“O Comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato e considera que os riscos de queda no emprego aumentaram nos últimos meses. Em apoio aos seus objetivos e considerando a mudança no equilíbrio de riscos, o Comitê decidiu reduzir a meta para a taxa de juros dos fundos federais em 0,25 ponto percentual, para uma faixa entre 3,5% e 3,75%”, disse.

O Fed também não descartou retornar ao ciclo de alta da taxa de juros, conforme avalia a situação econômica dos EUA, caso surjam riscos que possam impedir de alcançar seus objetivos quanto a inflação e o emprego. “Ao avaliar a postura adequada da política monetária, o Comitê continuará monitorando as implicações das novas informações para as perspectivas econômicas”, destacou o comunicado.

A decisão desta quarta foi impactada por dados econômicos divulgados em atraso, uma vez que as agências de pesquisas foram impactadas pela paralisação do governo, a mais longa da história e que acabou em 12 de novembro, após 43 dias.

Por que os juros nos EUA importam para o Brasil?

Como os Estados Unidos são a economia mais estável do mundo, seu mercado trabalha como se alimentasse outras economias com o seu dinheiro. Uma taxa de juros alta nos EUA torna os títulos do tesouro americano o melhor investimento, por terem praticamente risco zero. Isso faz com que os investidores retirem dinheiro do Brasil e apliquem no exterior.

Segundo o economista sênior do Banco Inter, André Valério, esse diferencial nos juros é um dos principais determinantes da taxa de câmbio. “Atualmente, temos um diferencial elevadíssimo. Quanto maior essa diferença, menor pressão de depreciação cambial nós temos. E isso é importante pois um câmbio depreciado tende a gerar repasse inflacionário, aumentando os preços dos bens em reais”, disse.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

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