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Exportações de Minas aos EUA caem pela metade em primeiro mês de tarifaço

Queda foi de 50,44% nas vendas, segundo a Fiemg. O estado registrou déficit na balança comercial com os EUA pela primeira vez desde 2018

Exportações para os EUA têm queda no primeiro mês de vigência do tarifaço

As exportações mineiras para os Estados Unidos caíram mais de 50% no primeiro mês de vigência da sobretaxa imposta pelo presidente americano Donald Trump aos produtos vindos do Brasil. Levantamento divulgado nesta sexta-feira (12) pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) mostra também que a balança comercial pesou negativamente para o estado pela primeira vez desde 2018.

Os números levantados pelo Centro Internacional de Negócios da Fiemg apontam que as exportações de Minas para os EUA em julho deste ano somaram US$ 431,67 milhões. Em agosto, com a vigência do chamado ‘tarifaço’, o número despencou para US$ 213,94 milhões, uma queda de 50,44%.

Desde 6 de agosto, as exportações brasileiras aos Estados Unidos foram sobretaxadas em 50%. No anúncio da medida, Donald Trump associou a medida aos processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e às medidas adotadas no Brasil para regulamentar a ação de empresas americanas de tecnologia.

Dias antes da entrada em vigor do tarifaço, no entanto, Trump recuou em alguns pontos específicos. A lista de exceções tinha quase 700 itens que escaparam da taxa de 50% e permaneceram com a cobrança de 10%, já implantada pelos Estados Unidos no início do ano.

Entre as exceções estão as peças manufaturadas para a indústria da aviação civil; equipamentos eletrônicos; produtos de ferro, aço, alumínio e cobre; fertilizantes; e produtos agrícolas como castanhas e laranja. Ficaram de fora da lista itens importantes para o Brasil e Minas Gerais como carne e o café.

Equipamentos elétricos em alta

Além da longa lista de exceções, Trump também adiou em uma semana o início da vigência do tarifaço, anteriormente marcado para o primeiro dia de agosto. A medida teve impacto na exportação de equipamentos elétricos fabricados em Minas Gerais.

Embarques de transformadores, conversores estáticos e bobinas de reatância ou indução tiveram uma alta de 316,91% em agosto em comparação com o mês anterior.

A coordenadora de Facilitação de Negócios Internacionais da Fiemg, Verônica Winter, explica que este número não se manterá nos próximos meses e se explica devido a uma compra em larga escala nos primeiros dias do mês, antes do aplicação efetiva da sobretaxa.

“Isso acontece porque a Ordem Executiva da Casa Branca, publicada em 30 de julho, permitiu que mercadorias embarcadas antes de 6 de agosto e desembarcadas nos EUA até 5 de outubro fossem taxadas ainda pela alíquota anterior de 10%, e não pela tarifa majorada de 50%”, explicou Winter.

De acordo com os dados divulgados pelo Governo de Minas em julho, os Estados Unidos eram o segundo maior parceiro do estado, com 12,4% das exportações. A China lidera a lista com 37,9%.

Impacto pior em Minas Gerais

Neste mês inicial de tarifaço, os números foram mais severos em Minas Gerais do que no Brasil de uma forma geral. As exportações brasileiras aos Estados Unidos caíram 27,74% em agosto. Em julho, as transações somaram US$ 3,82 bilhões e as cifras caíram para US$ 2,76 bilhões no mês seguinte.

A balança comercial do Brasil com os EUA registrou um déficit de US$ 1,23 bilhão. Diferentemente da relação específica de Minas com os Estados Unidos - na qual o estado tinha superávit desde 2018 -, a relação entre os países já é deficitária para os brasileiros desde 2009.

No cenário geral das exportações, o Brasil teve uma balança comercial favorável em agosto. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o superávit no período foi de US$ 6,133 bilhões. Um aumento de quase 30% nas vendas para a China contribuíram para o resultado positivo.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.