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‘Apagão’ de mão de obra preocupa setor da construção civil no Brasil

Segundo o presidente do Sinduscon-MG, falta de capacitação dos jovens que estão ingressando no mercado de trabalho e o avanço de outras profissões têm dificultado as contratações

Em 2024, o setor teve um crescimento de 4,3%, movimento mais de R$ 359,523 bilhões na economia brasileira

Muitos empreendimentos do setor da construção civil no Brasil estão enfrentando dificuldade para encontrar mão de obra especializada para realizar os serviços necessários, de acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Raphael Lafetá.

Em entrevista à Itatiaia, ele afirmou acreditar que a “crise” na construção civil é motivada por um “apagão de trabalhadores”. “O filho do pedreiro não quer ser pedreiro. O filho do carpinteiro não quer ser carpinteiro. Isso acontece muito em função das tecnologias e das novas profissões liberais, como motorista de aplicativo, de entrega, entre outras, o que acaba afastando esses trabalhos mais antigos e tradicionais”, detalhou.

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Segundo Lafetá, em 2024 o setor empregou cerca de três milhões de trabalhadores na construção civil — número considerado relativamente pequeno pela categoria. “Alcançamos esse número em 2011 e estamos com dificuldade para crescer exatamente por conta da falta de aptidão da nova geração em trabalhar com esses serviços”, explicou ao programa Chamada Geral.

Como atrair novos trabalhadores?

O presidente do sindicato afirmou que a tecnologia — que em parte é responsável pela queda no número de trabalhadores — também é uma das apostas para atrair novos profissionais.

Estamos treinando, capacitando e atraindo com a modernização do próprio trabalho na construção civil. Queremos mostrar que o serviço é de pedreiro, sim, mas o ferramental é diferente, o material é diferente, e usamos tecnologia e informática no canteiro de obras”.
— contou Lafetá.

Salários não são impeditivos

Apesar dos números relativamente baixos, ele afirma que o salário não tem sido um fator determinante para os jovens que ingressam no mercado de trabalho. “O segundo maior salário de entrada no Brasil é o da construção civil, perdendo apenas para o funcionalismo público e, às vezes, para a área de informática”, disse.

Para Lafetá, o que falta são projetos que visem à atração desse público. “É uma opção que tem futuro e oferece progressão de carreira. É possível começar como pedreiro, por exemplo, e depois tornar-se engenheiro, estudando engenharia”, finalizou.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.