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AGE ‘impediu’ nomeação de ex-deputado mineiro como vice da MGI Participações

Franco Cartafina foi indicado para estatal, mas Advocacia viu Lei das Estatais como impeditivo

Segundo os técnicos da AGE, o nome do ex-deputado estaria inviabilizado porque ele disputou, no ano passado, a reeleição à Câmara Federal

Por pouco o ex-deputado federal Franco Cartafina não assumiu, no início de julho, a vice-presidência da MGI Participações, estatal mineira responsável por administrar os imóveis de propriedade do Estado. O nome de Cartafina havia sido indicado e já alinhavado na alta cúpula do governo Zema, mas, aos 45 do segundo tempo, a Advocacia-Geral do Estado (AGE) orientou, de forma informal durante uma reunião, que a nomeação do ex-parlamentar poderia ser inviabilizada pela Lei das Estatais.

A orientação da AGE não foi registrada em documentos, mas interlocutores ligados ao governo mineiro afirmaram à coluna que a manifestação foi decisiva para o recuo na nomeação de Cartafina. Segundo os técnicos da advocacia, o nome do ex-deputado estaria inviabilizado porque ele disputou, no ano passado, a reeleição à Câmara Federal.

Pela Lei das Estatais, pessoas que participaram da coordenação de campanhas políticas nos últimos 36 meses ficam proibidas de assumir cargos de direção em estatais e nos conselhos de administração das empresas públicas.

Não por acaso, a situação de Cartafina na MGI foi usada como exemplo no debate interno do governo pela nomeação, ou não, do ex-secretário Igor Eto como vice da Codemge.

Lucas Ragazzi é jornalista investigativo com foco em política. É colunista da Rádio Itatiaia. Integrou o Núcleo de Jornalismo Investigativo da TV Globo e tem passagem pelo jornal O Tempo, onde cobriu o Congresso Nacional e comandou a coluna Minas na Esplanada, direto de Brasília. É autor do livro-reportagem “Brumadinho: a engenharia de um crime”.