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O que você vai ser quando envelhecer? Idosos compartilham histórias de recomeços e esperança

Vida na terceira idade: em um mundo de mais ‘avós’ que ‘netos’, idosos relatam histórias de recomeços

Vida na terceira idade: em um mundo de mais ‘avós’ que ‘netos’, idosos relatam histórias de recomeços

A vida na terceira idade | O que você vai ser quando envelhecer? Relatos de idosos mineiros ouvidos pela Itatiaia comprovam que mesmo diante de tantos casos de preconceito contra idosos, também existem histórias que inspiram e mostram que envelhecer pode ser sinônimo de maturidade, autonomia e recomeço.

“Ai, eu não posso negar não: aparece umas coisas, umas doenças, dor aqui, dor ali, a gente anda, uma diabetes, mas a gente vai levando. ‘Tá' viva, gente. Quantos não tiveram essa chance. Eu quero viver mais, muito mesmo. Quero chegar aos 100. Eu pintava o cabelo, agora não porque tá na moda”, comenta dona Márcia Oliveira de Azevedo, de 80 anos.

Em meio a histórias de esperança, os recomeços sempre estão presentes. Este é o caso da Cláudia da Silva, de 58 anos, que é aposentada como perita criminal da Polícia Civil, mas está longe de querer parar. Apaixonada por alimentos e movida por novos sonhos, ela voltou a estudar. Hoje faz o curso técnico em tecnologia de alimentos no SENAI e planeja abrir o próprio negócio.

“Quando chegou a época da pandemia, eu já tinha o tempo de serviço, aí eu me aposentei, daí fiquei na expectativa de novas oportunidades. Mas você imagina. Qual a nova oportunidade para um policial aposentado e que trabalhou no laboratório do IML, então a gente fica meio no ar. Foi daí que eu por gostar da área de cozinha, eu falei por que que eu não olho a minha área de hospitalidade e a minha área de cozinhar. E comecei a fazer alguns cursos na área de alimentação”, relata Cláudia da Silva, de 58 anos.

A partir do ano que vem o planeta terá mais idosos do que crianças, segundo a Organização Mundial da Saúde. Diante desse cenário é cada vez mais urgente que a sociedade se mobilize para garantir aos idosos espaços onde se sintam úteis, respeitados e incluídos. Como explica a diretora da faculdade de enfermagem da UFMG e coordenadora do projeto Cuidar Cuidando-se: atenção à saúde da idosa, Sônia Maria Soares:

“É fundamental que a sociedade se prepare para esse engajamento da pessoa idosa também do ponto de vista de contribuições daquilo que ela ainda pode. Muitos idosos têm muitas condições ainda de estar contribuindo não só socialmente, mas também, né, estão se engajando no mercado de trabalho com as suas experiências. A gente tem visto isso, né, do ponto de vista da legislação, um avanço nesse sentido”, ressalta Sônia Maria Soares.

Mas para envelhecer com disposição e saúde é fundamental, conforme especialistas, fazer exames de rotina, ter uma alimentação equilibrada e incluir no dia-a-dia a prática de exercícios. Como detalha o educador físico conhecido como personal dos avôs, Nicolas Chaves: “Envelhecer é um privilégio, mas envelhecer bem depende também do nosso comportamento. Envelhecer bem quer dizer, envelhecer com capacidade funcional, autonomia e independência.”

O personal dos avôs ainda compartilha três dicas da avó dele, carinhosamente chamada de vovó Zilda. Com 106 anos, ela “envelheceu de uma forma super positiva, com gratidão, com alegria e amando a vida”, comemora Nicolas.

Para o personal, a primeira dica é preservar os amigos, ou seja, o aspecto social. Já a outra é fazer exercícios físicos. Nicolas também destaca a importância de ler. Para ele, a atividade promove a criação de uma reserva cognitiva, fazendo com que o cérebro se mantenha ativo. “O exercício físico também faz com que o cérebro se mantenha funcional. Dessa forma, teremos boa saúde, independente das alterações orgânicas que acontecem naturalmente com o envelhecimento”, completa o personal.

Aos 68 anos, João Lúcio é um dos que não abre mão das atividades físicas e afirma que envelhecer bem está completamente relacionado à prática. “Se você tem atitudes positivas, realmente você vai envelhecer bem. Você vai chegar lá sem conta para pagar. Porque quem não faz isso, a conta vem depois e pega a pessoa desprevenida, ou seja, pega ela sem condições de reação”, descreve João Lúcio.

João conta ainda que faz atividades físicas todos os dias da semana, na parte da manhã. Outra história inspiradora é a da taxista Dark Andreia, que acaba de se formar em jornalismo, aos 65 anos. Ela mostra para sociedade que nunca é tarde para sonhar e realizar. “Eu ainda tenho mais sonhos. Tô acabando de realizar esse, tô me formando, e eu sou muito grata à vida. Ainda tem mais uns outros aí, eu espero saúde e paz para realizar”, relata Dark Andreia.

Recém-formada em jornalismo, Dark pede respeito mais respeito para a população com mais de 60 anos. “Nosso país está caminhando para ser mais velho do que novo. Daqui a pouco, querendo ou não, é o velho que vai estar no índice maior de população. Então, nos aceite, nos dê autonomia, nos dê muito carinho, nos respeite e, principalmente, aprenda conosco”, finaliza Dark Andreia.

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Apaixonado por rádio, sou um bom mineiro que gosta de uma boa conversa e de boas histórias. Além de acompanhar a movimentação do trânsito, atuo também na cobertura de vários assuntos na Itatiaia. Sou apresentador do programa ‘Chamada Geral’ na Itatiaia Ouro Preto.