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Bolão Santa Tereza: clientes organizam abraço coletivo de despedida a bar icônico de BH

Bolão deve ser reaberto em outro lugar, ainda não definido e sem data específica

Bar do Bolão deixará endereço histórico no próximo domingo, 26 de outubro

O encerramento das atividades do Bar do Bolão no histórico casarão da Praça Duque de Caxias, no bairro Santa Tereza, Região Leste de Belo Horizonte, gerou uma onda de comoção nos frequentadores do estabelecimento, um dos mais tradicionais da capital mineira. Com o iminente fechamento do local — que passará a funcionar noutro endereço, ainda não definido — alguns clientes decidiram realizar uma última homenagem: um abraço coletivo.

Conforme divulgação realizada nas redes sociais, o abraço coletivo no Bar do Bolão Santa Tereza ocorrerá nesta quinta-feira (23), a partir das 20h.

Anúncio do abraço coletivo no Bolão Santa Tereza

O estabelecimento vai funcionar no histórico casarão até o próximo domingo (26).

A Itatiaia conversou com Karla Rocha, uma das proprietárias do estabelecimento, que tem 64 anos de tradição, sendo 55 deles funcionando no casarão. Segundo ela, trata-se de um movimento espontâneo organizado por grupos de moradores do bairro Santa Tereza.

“É um misto de sentimentos, de gratidão pelo legado construído pela nossa família. Impactou muita gente. É lindo ver todo esse movimento e carinho conosco. Só me perguntaram se eu estaria aqui e é claro que vou estar. Chorando de emoção, mas vou”, declarou Rocha.

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Anúncio de encerramento gerou comoção

O anúncio do encerramento das atividades no tradicional endereço e o destino incerto do icônico restaurante gerou comoção entre os belo-horizontinos. Um dos proprietários do bar, o Luiz Cláudio Rocha, de 52 anos, no entanto, esclareceu que o Bolão Santa Tereza não vai acabar.

“Como tem uma frase que nós estamos trazendo, o bolão renasce, né? O bolão renasce todos os dias. Então, esse é um legado que a gente precisa carregar, né? Que é um legado da família que já vem aí de 64 anos. Então, o bolão não pode acabar”, afirmou Rocha, também conhecido como Cacau.

Rocha detalhou que o imóvel passará por uma reforma, solicitada pelos proprietários do casarão. “O imóvel do Bolão já é um imóvel antigo. Então a casa precisa passar por essa reforma. Então, assim, essa reforma vai acontecer, a gente só não sabe assim o prazo. Então, a gente vai na esperança de talvez pode ser que volte”, ressaltou.

De acordo com ele, no entanto, os proprietários do bar ainda não possuem um outro endereço para o Bolão. “O impacto realmente é muito grande, porque o bolão é uma família. A gente se torna uma família. Eu comecei aqui com 12 anos de idade. Já são 40 anos. Com certeza assim, fica uma parte de emoção, você passa um filme na mente da gente, como se tivesse perdendo um ente querido”, desabafou.

O bolão vai funcionar no endereço histórico até o próximo domingo (26) após 55 anos no mesmo lugar. São 64 anos de tradição. Nesse período, superou crises econômicas, trocas de governo, hiperinflação e até a pandemia de Covid-19.

O Bar do Bolão foi fundado em outubro de 1961 pelo casal José da Rocha e Maria dos Passos. Inicialmente, tinha o nome de Bar Rocha e Filhos e funcionou na Rua Estrela do Sul, também no Santa Tereza. Ganhou o nome de Bolão pelo apelido de José Maria Rocha, um dos filhos, responsável pelo famoso macarrão que ajudou a dar fama ao bar.

Ao longo de mais de 60 anos, virou ponto de encontro e sempre teve a capacidade de reunir em um mesmo espaço o taxista, o advogado, o médico e os famosos integrantes de bandas como Sepultura, Patu Fu, Skank, além do clube da esquina são exemplos de pessoas que se encantaram com sabor único do bolão.

Repercussão

Várias páginas e clientes comentaram na postagem. “A história é escrita e reescrita todos os dias. Um novo momento, em um belíssimo capítulo, está por vir. E nós estaremos lá para aplaudir de pé”, escreveu o Ôncevaibh, perfil administrado pelo casal Bernardo e Renata.

“Esperamos que o retorno, quando acontecer, seja auspicioso”, escreveu Nenel, administrador do perfil Baixa Gastronomia.

“Que notícia impactante para quem ama a boemia de BH. A história das noites da capital tem alguns capítulos na Praça Duque de Caxias e no Bolão”, comentou o perfil Apaixonado por Tropeiro.

Clientes também comentaram sobre lembranças vividas no local. “Tive várias histórias com meu pai, taxista, hoje com 81 anos, e com toda a minha família. Uma vez, em 1995, encontrei todo o Skank lá”, escreveu Simone Vilarino.

“Confesso que ainda não estou preparado pra chegar na Praça do Santê e não ver mais o meu querido Bolão, que eu frequento há exatos 32 anos. Mas Deus é o Senhor da Razão, e essa família Rocha foi forjada sempre com muita luta e superação. E não foi à toa que construíram esse que, na minha opinião e de milhares de pessoas, é um dos estabelecimentos mais icônicos de BH em todos os tempos.

Força, família Rocha, e saibam que, onde estiverem, o legado de vocês estará lá. E eu, apaixonado que sou por essa história, também estarei para aplaudir e vibrar positivamente com vocês”, escreveu o chef Rocco.

Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.
Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.