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Empresa de homem que mandou demolir casa de idoso atua em 14 áreas e fornece pedras para hotel de luxo do Rio

Altivo Pedras, que informa em seu site que fornece ‘tampos de mesa em ardósia preta para um dos hotéis mais tradicionais do Brasil

Altivo Pedras atua em pelo menos 14 áreas diferentes

Informações da Receita Federal mostram que a área de atuação da empresa Altivo Pedras é ampla e diversificada. Com sede na cidade de Papagaios, no Centro-Oeste de Minas, a Altivo Pedras apareceu no noticiário após o dono determinar a demolição, sem autorização judicial, de quatro casas no distrito de Angueretá, em Curvelo, na região Central de Minas Gerais, no dia 11 deste mês. O idoso Valdevir Gomes, de 71 anos, é um dos moradores retirados à força.

A Altivo Pedras, que informa em seu site que fornece ‘tampos de mesa em ardósia preta para um dos hotéis mais tradicionais do Rio de Janeiro, tem 14 ramos de atuação, conforme dados cadastrados na Receita Federal. A empresa atua, por exemplo, com criação e corte de bovinos, fabricação de fertilizantes, transporte rodoviário de carga, usina de compostagem e cultivo de eucalipto.

A empresa diz ainda ser a única no mundo capaz de produzir ardósia preta com tamanho superior a 5 metros.

Conforme informações do Boletim de Ocorrência (BO) sobre as demolições, a Altivo Pedras é proprietária de uma fazenda que fica próxima ao terreno onde as casas foram demolidas. O empresário é investigado pela Polícia Civil, e o caso é acompanhado pelo Ministério Público e pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

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No BO, tanto o empresário quanto o idoso informaram que têm o registro da área no cartório. No entanto, somente Valdevir anexou os documentos ao BO. Em entrevista à Itatiaia veiculada nessa quinta-feira (19), Henrique César Faleiros, responsável pelo inquérito, informou que já está provado que as vítimas são as verdadeiras proprietárias da terra.

“A família dos moradores da localidade possuem o título de domínio daquela propriedade, que foi conferido pelo governo de Minas Gerais em uma regularização fundiária”, disse.

“Houve instalação de um inquérito para apuração dos fatos, as apurações seguem em trâmite e um procedimento que demandam algum tempo para sua finalização. Temos aqui os depoimentos das vítimas, todos já compareceram na delegacia de polícia e prestaram as suas declarações, assim como algumas testemunhas do fato. Eu estive no local acompanhando a realização dos trabalhos periciais. Em breve, teremos os laudos a esse respeito. Os trâmites de investigação continuam para apuração total do fato e responsabilização dos autores”, garantiu o delegado.

Palácio das Laranjeiras

Além do hotel de luxo na capital carioca, a Altivo Pedras também informa em site ter fornecido “telhas de ardósia utilizadas na mais recente reforma realizada no telhado do Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador do estado do Rio de Janeiro”.

“A administração do palácio optou pelas telhas de ardósia da Altivo Pedras em função da excelente qualidade da matéria-prima e acabamento do produto, além do cumprimento no prazo de entrega”, explica a empresa na postagem do site.

Sem reposta

A Itatiaia tenta contato com o empresário desde a semana passada. No entanto, até o fechamento dessa reportagem, os e-mails enviados não foram respondidos. Além disso, uma funcionária da Altivo Pedras informou que não poderia passar ligações diretamente para ele. O espaço continua aberto.

A reportagem também tentou contato com o hotel e com o Governo do Rio de Janeiro, responsável Palácio das Laranjeiras, para confirmar se a Altivo Pedras já prestou serviço para eles.

*Colaboração de Amanda Antunes

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.