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O empresário foi identificado após a Polícia Militar encontrar, em área próxima às casas derrubadas, o maquinário utilizado para a demolição. As máquinas foram relacionadas à empresa comandada pelo homem que, então, falou com militares pelo telefone e relatou ter demandado a destruição das casas porque pensava que o terreno era dele - apesar de não ter nenhuma ordem judicial.
O prefeito de Curvelo, Luiz Paulo, relatou à Itatiaia que conheceu o empresário há um mês, quando foi procurado por ele. “Ele me procurou na prefeitura há trinta dias falando que queria ajudar Angueretá. Que era um empresário, que queria mudar a realidade daqui, que ele já venceu na vida e que estava mudando para cá para tentar contribuir com a comunidade. Naquele momento, eu acreditei nele”, relembrou sobre o encontro.
Ainda, fontes que preferem não se identificar, revelaram que a polícia foi procurada pelo empresário no mesmo período. O homem buscava informações sobre o número de viaturas que circulavam pelo distrito de Angueretá, além de também ter questionado militares sobre o tempo de espera para a chegada de uma viatura após o acionamento.
Uma das casas destruídas era de Valdevir Gomes, um idoso de 71 anos, retirado do local por quatro homens que comandavam duas máquinas e destruíram a residência, apesar de não estarem em posse de nenhum documento que justificasse a destruição. Morador do local há mais de 20 anos, ele relatou que os postes de energia elétrica e telefonia foram os primeiros alvos da destruição.
No momento da chegada dos homens, o idoso estava sozinho em casa. “De repente, eles chegaram com a máquina e falaram comigo para sair de dentro de casa, senão eles derrubavam tudo em cima de mim. Eles falaram: ‘não engrossa não, que eu picoto você, aqui e agora’. Cortaram a energia, telefone não pegava, não tinha jeito [de se comunicar]. Pedi um colega meu para comunicar para a minha família, para a família deles, e eles vieram”, relembrou Valdevir.
“Eu fui tirando um pouquinho das coisas, o que eu dei conta de tirar, e eles foram quebrando tudo. Eu custei a tirar as coisas. Minhas pernas tudo dormentes”, contou o idoso, que confessou ter enfrentado dificuldade, já que está debilitado após ter tido uma anemia. “Eu perguntava: quem mandou derrubar? E eles falaram que foi o dono da Altivo Pedras. É muita tristeza, é muita ruindade. Quem faz um trem desses não tem coração, não.”
A empresa Altivo Pedras foi procurada pela Itatiaia, mas, até o momento da publicação desta matéria, não recebeu retorno.