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Casa de idoso é derrubada sem autorização em MG: veja tudo o que se sabe

Prefeitura diz que não tem envolvimento com a demolição e que não se trata de despejo ou decisão judicial

Demolição ocorreu na última quarta-feira

A demolição de quatro casas em Angueretá, distrito de Curvelo, na região Central de Minas Gerais, ganhou repercussão e causou indignação nesse fim de semana. Um dos imóveis destruídos era de Valdevir Gomes, idoso de 71 anos, retirado do local por homens que comandavam duas máquinas e destruíram a residência, apesar de não estarem em posse de nenhum documento que justificasse a destruição. Um empresário foi identificado e disse ter sido responsável pela demolição por acreditar que era dono das terras. Veja tudo que se sabe sobre o caso

Quando aconteceu

O terreno onde estavam as casas, que fica na MG-420, próximo ao quilômetro 6, às margens do Rio Paraopeba, pertence à família há pelo menos duas décadas, conforme explicou os parentes do idoso. Na última quarta-feira (11), maquinário pesado e funcionários apareceram no local com a ordem de jogar os imóveis no chão. Não se identificaram e não deram explicações, apenas começaram a trabalhar.

Idoso foi ameçado

À Itatiaia, Valdevir Gomes da Silva contou que quatro homens chegaram ao terreno com dois maquinários e o mandaram sair do local. A região onde o senhor morava não tem sinal de celular, e por isso o homem presenciou, sozinho, a casa dele e dos familiares serem demolidas.

“De repente chegaram com a máquina e falaram comigo para sair de dentro de casa ou iam derrubar tudo em cima de mim. Aí eu fui tirando um pouquinho das coisas que dei conta e eles foi quebrando tudo. Tem 20 anos que moro aqui. Quebraram tudo mesmo. Até galinhas mataram, porque caiu em cima do galinheiro”.

Máquinas são encontradas

O empresário foi identificado após a Polícia Militar encontrar, em área próxima às casas derrubadas, o maquinário utilizado para a demolição. As máquinas foram relacionadas à empresa comandada pelo homem que, então, falou com militares pelo telefone e relatou ter demandado a destruição das casas porque pensava que o terreno era dele — apesar de não ter nenhuma ordem judicial.

Empresário sondou terreno

Segundo informações da Prefeitura de Curvelo e de fontes que preferem não se identificar, o homem sondava os terrenos havia um mês.

O prefeito, Luiz Paulo, relatou à Itatiaia que conheceu o empresário há um mês, quando foi procurado por ele. “Ele me procurou na prefeitura há trinta dias falando que queria ajudar Angueretá. Que era um empresário, que queria mudar a realidade daqui, que ele já venceu na vida e que estava mudando para cá para tentar contribuir com a comunidade. Naquele momento, eu acreditei nele”, relembrou sobre o encontro.

Ainda, fontes que preferem não se identificar, revelaram que a polícia foi procurada pelo empresário no mesmo período. O homem buscava informações sobre o número de viaturas que circulavam pelo distrito de Angueretá, além de também ter questionado militares sobre o tempo de espera para a chegada de uma viatura após o acionamento.

O que disse a prefeitura

A Prefeitura de Curvelo informou, em nota à Itatiaia, que desconhece o motivo da demolição. Informou, também, que ela não foi pedida pela administração municipal. Veja a nota completa

“Foi com tristeza e indignação que a Prefeitura de Curvelo tomou conhecimento da demolição e da situação vivenciada por um idoso no Distrito de Angueretá. Esclarecemos que a Prefeitura já entrou em contato com o comando do 42º Batalhão de Polícia Militar que já está trabalhando no caso em conjunto com a Polícia Civil. Não trata-se de nenhuma ação pública ou de mandado judicial. A Prefeitura de Curvelo desconhece o motivo e não tem nenhum envolvimento com a demolição. A Prefeitura, por meio dos órgãos de assistência social, está apurando a situação da família para avaliar as medidas de suporte que se fazem necessárias.”

Polícia investiga

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) se manifestou em nota e afirmou que “apura o caso e, assim que possível, outras informações serão divulgadas.”

A empresa Altivo Pedras foi procurada pela Itatiaia, mas, até o momento da publicação desta matéria, não recebeu retorno.

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Cursou jornalismo no Unileste - Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais. Em 2009, começou a estagiar na Rádio Itatiaia do Vale do Aço, fazendo a cobertura de cidades. Em 2012 se mudou para a Itatiaia Belo Horizonte. Na rádio de Minas, faz parte do time de cobertura policial - sua grande paixão - e integra a equipe do programa ‘Observatório Feminino’.
Maria Clara Lacerda é jornalista formada pela PUC Minas e apaixonada por contar histórias. Na Rádio de Minas desde 2021, é repórter de entretenimento, com foco em cultura pop e gastronomia.