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Sem EUA, Brasil tem recorde de exportação de carne bovina e mira novos clientes

Desde que o tarifaço entrou em vigor, logo no início de agosto o Brasil conquistou três novos compradores

O resultado é um grande alívio, superando as estimativas iniciais

Menos de dois meses após o “tarifaço” de Trump que tirou os Estados Unidos do mapa, o setor de carne bovina do Brasil surpreendeu e bateu um recorde histórico de exportação. O resultado é um grande alívio, superando as estimativas iniciais que apontavam para um prejuízo de até US$ 1 bilhão com a perda do mercado norte-americano.

Os EUA eram o segundo maior destino da carne bovina. Em 2024 foram 229 mil toneladas exportadas aos norte-americanos, sendo 60% da carne para hambúrguer. Para 2025, a previsão era atingir 400 mil toneladas, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).

A tarifa de 50% somada à alíquota até agosto de 26,4%, chegaria a 76,4% para exportar carne brasileira ao país.

Desde que o tarifaço entrou em vigor, logo no início de agosto o Brasil conquistou três novos compradores: Filipinas, para carne bovina com osso e miúdos; Indonésia, carne com osso, miúdos bovinos, produtos cárneos e preparados de carne brasileiros. E também para São Vicente e Granadinas, país do Caribe, carne bovina, produtos cárneos e miúdos bovinos.

As conversas com o Japão para a tão sonhada abertura do mercado também foram reforçadas dando mais esperança ao setor. Em setembro, o país asiático autorizou a exportação de produtos à base de gordura de aves, suínos e bovinos.

Triangulação ou “arbitragem”

O Brasil se tornou fornecedor de países que, por sua vez, vendem sua própria produção aos norte americanos, aproveitando o preço mais competitivo da proteína nacional. Hoje, o Brasil tem a carne mais barata no mercado.

O Paraguai é o principal destaque: as exportações brasileiras de carne bovina para o país vizinho dispararam quase 180% entre julho e agosto, e subiram cerca de 50% no acumulado do ano de 2025 (em comparação com 2024).

Segundo Lydia Pimentel, diretora da Agrifatto (empresa de inteligência de mercado agropecuário), o Paraguai está comprando a carne brasileira mais barata para abastecer seu mercado interno. Com o consumo doméstico já suprido pelo produto importado, o volume de carne produzida localmente é liberado e direcionado para exportação – principalmente para mercados com preços mais altos, como os Estados Unidos.

A especialista conclui que a alta nas vendas é um “movimento compensatório": enquanto os Estados Unidos reduziram suas importações diretas devido à tarifa, o Paraguai e outros países intensificaram suas compras, criando um novo ciclo comercial.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde