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Brasil abastece países exportadores de carne bovina para os EUA; Paraguai salta 180%

Além do Paraguai, a tendência é que Argentina, México e, possivelmente, Austrália também pratiquem essa mesma estratégia

Carne bovina brasileira encontrou uma rota satisfatória para o mercado externo após o “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos

A carne bovina brasileira encontrou uma rota satisfatória para o mercado externo após o “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos. O Brasil se tornou fornecedor de países que, por sua vez, vendem sua própria produção aos norte americanos, aproveitando o preço mais competitivo da proteína nacional. Hoje, o Brasil tem a carne mais barata no mercado.

Essa inversão de papéis tem o Paraguai como principal destaque: as exportações brasileiras de carne bovina para o país vizinho dispararam quase 180% entre julho e agosto, e subiram cerca de 50% no acumulado do ano de 2025 (em comparação com 2024).

O mecanismo da arbitragem ou triangulação

Segundo Lydia Pimentel, diretora da Agrifatto (empresa de inteligência de mercado agropecuário), este movimento se chama arbitragem.

O Paraguai está comprando a carne brasileira mais barata para abastecer seu mercado interno. Com o consumo doméstico já suprido pelo produto importado, o volume de carne produzida localmente é liberado e direcionado para exportação – principalmente para mercados com preços mais altos, como os Estados Unidos.

“Ele tem fortalecido sua exportação sem limitar o consumo doméstico, se aproveitando de mercados que custam mais barato, que é o caso do Brasil hoje,” explicou Pimentel à Itatiaia.

A especialista conclui que a alta nas vendas é um “movimento compensatório": enquanto os Estados Unidos reduziram suas importações diretas devido à tarifa, o Paraguai e outros países intensificaram suas compras, criando um novo ciclo comercial.

Além do Paraguai, a tendência é que Argentina, México e, possivelmente, Austrália também pratiquem essa mesma estratégia de arbitragem.

Recorde em setembro antes do fim do mês

O Brasil atingiu um marco histórico na exportação de carne bovina, batendo o recorde parcial da série histórica de embarques antes mesmo do final de setembro de 2025. Até a quarta semana do mês, foram exportadas 294,7 mil toneladas de carne bovina in natura, fresca e congelada. Com o volume total ainda a ser divulgado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) em 6 de outubro, a expectativa é que o total supere as 300 mil toneladas.

O número também deve ultrapassar as exportações de agosto, quando foram embarcadas 299.449 toneladas. Já em julho, o Brasil embarcou 313,6 mil toneladas.

Novos compradores

Apesar da retirada dos Estados Unidos, com o tarifaço de Trump, em agosto, foram conquistados três novos compradores. Para o mercado das Filipinas, o Brasil vai exportar carne bovina com osso e miúdos. Já para a Indonésia, quarto país mais populoso do mundo, será exportado carne com osso, miúdos bovinos, produtos cárneos e preparados de carne brasileiros. O Brasil também vai exportar para São Vicente e Granadinas, país do Caribe, carne bovina, produtos cárneos e miúdos bovinos.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde