Redução de tarifa dos EUA piora a competição para café do Brasil, afirma Cecafé

Principais países concorrentes do país foram isentos das taxas de Donald Trump

Sobretaxa de 40% imposta ao café brasileiro foi mantida

Na última sexta-feira (14), o governo dos Estados Unidos anunciou uma redução nas tarifas globais sobre aproximadamente 200 produtos. No entanto, a sobretaxa de 40% imposta ao café brasileiro foi mantida, sendo retirada apenas as tarifas recíprocas de 10% impostas em abril.

Apesar de a tarifa geral sobre o café do Brasil ter sido reduzida de 50% para os atuais 40%, a medida “piorou” pela isenção total de tarifas concedida aos principais países concorrentes, como Colômbia, Vietnã, Costa Rica, Etiópia e Indonésia.

Para o setor cafeeiro brasileiro, que historicamente foi o principal fornecedor do maior mercado consumidor do mundo, a manutenção da alíquota representa um sério obstáculo. O diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, expressou grande preocupação com o cenário.

Segundo o diretor, a isenção de tarifas para os rivais é “muito perigosa”, pois permite que outros cafés ocupem permanentemente as famosas misturas (blends) consumidas nos EUA.

“O consumidor norte-americano passa a se adaptar com outros parâmetros sensoriais, com outras características. E essa relação comercial entre os nossos importadores e os nossos concorrentes é muito ruim, porque fica cada vez mais difícil recuperar os espaços nesses blends,” alertou Matos. Ele enfatizou que “cada dia que passa é um prejuízo enorme” e aumenta o risco de a perda de mercado se tornar irreversível.

Apelo ao governo brasileiro

O Cecafé pede para a intervenção do Governo Brasileiro, com o objetivo de reverter o quadro. Em posicionamento oficial, Matos sugeriu que o governo utilize diferentes estratégias de negociação, com foco em uma análise “produto a produto” para os principais itens exportados aos EUA, o que possibilitaria uma negociação mais factível.

A argumentação do setor ressaltou o interesse mútuo na isenção, uma vez que os EUA não produzem café, são o maior consumidor global e o produto tem um alto valor agregado: “ a cada 1 dólar importado em café, 43 dólares são agregados à economia norte-americana”. Além disso, o café foi um dos produtos com maior índice de inflação no país, sendo nove vezes acima da inflação média, o que demonstra o impacto direto da tarifa no consumidor final dos Estados Unidos.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde

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