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Microbiota intestinal pode ser a chave para mais força muscular e longevidade

Estudo sul-coreano em animais indica que bactérias específicas ajudam a manter músculos ativos e retardar efeitos do envelhecimento

Imagem ilustrativa

A relação entre saúde intestinal e envelhecimento ganhou um novo capítulo: bactérias do intestino podem influenciar diretamente a força muscular e até a longevidade, segundo um estudo realizado na Coreia do Sul e publicado na revista Scientific Reports.

Pesquisadores do Instituto de Ciência Básica da Coreia e da Faculdade Médica da Universidade Nacional Jeonbuk, naquele país, observaram que ratos que receberam determinadas espécies bacterianas não só preservaram a potência muscular, como também apresentaram menor deterioração ao longo do tempo. “Não só observamos efeitos sobre os músculos, mas as bactérias modificaram a capacidade de os animais envelhecerem de maneira mais saudável”, afirmaram os cientistas.

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O trabalho avaliou ratos sem microbiota intestinal, que receberam transplantes de bactérias provenientes de pessoas idosas com diferentes níveis de força. A partir daí, identificaram duas espécies decisivas: ‘Lactobacillus johnsonii’ e ‘Limosilactobacillus reuteri’. Quando administradas juntas, elas provocaram um aumento significativo de massa e potência muscular, além de melhorar a coordenação motora. “O aumento na força muscular foi marcado ao administrar as duas espécies”, destacaram os autores.

O benefício se refletiu também em genes ligados à vitalidade muscular, como ‘follistatina’ (FST) e ‘IGF-1'. As análises mostraram fibras maiores, menos danos estruturais e um perfil metabólico melhor, com níveis mais baixos de triglicérides e colesterol.

Apesar dos avanços, os cientistas ressaltam que “a extrapolação à fisiologia humana é limitada” e que serão necessários estudos clínicos para confirmar esses efeitos. A médica hepatóloga e pesquisadora Silvia Sookoian, ouvida pelo site Infobae, explicou: “A microbiota não é inerte, muito pelo contrário. Fabrica substâncias bioativas que impactam nas funções biológicas humanas”. Sobre os achados, afirmou: “Se confirmados em humanos, o potencial é muito atraente, pois a sarcopenia - perda de massa muscular comum no envelhecimento — poderia ser aliviada ou até prevenida com probióticos”.

Esteban González Ballerga, chefe de gastroenterologia do Hospital de Clínicas da Universidade de Buenos Aires, também vê perspectivas promissoras: “O estudo consolida a ideia do eixo intestino-músculo, um diálogo ativo com implicações para mobilidade, metabolismo e qualidade de vida”.

Por ora, especialistas recomendam hábitos sólidos para manter tanto a microbiota quanto os músculos saudáveis: exercícios de força, alimentação rica em fibras, frutas, verduras e alimentos fermentados, além de evitar antibióticos desnecessários.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação FBK e Viver.