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Um milionário criou um bairro com 99 casas para ajudar os mais necessitados: ‘Estou ajudando a tornar nossa cidade melhor’

O projeto, idealizado por Marcel LeBrun, busca oferecer moradia a pessoas em situação de vulnerabilidade

Cada residência tem 22 m² e conta com cozinha, banheiro e sala de estar, além de painéis solares

Em Fredericton, no Canadá, uma iniciativa privada está chamando a atenção por oferecer abrigo para pessoas em situação de vulnerabilidade.

Marcel LeBrun, empreendedor do setor tecnológico e filantropo do país, é quem coordena a ação. Após vender sua empresa por um valor milionário, decidiu investir quatro milhões de dólares no projeto social ’12 Neighbours’. A iniciativa já garantiu moradia digna e oportunidades de emprego a diversas pessoas.

Marcel LeBrun é o idealizador do projeto

Uma crise habitacional persistente

O aumento da população desabrigada em Fredericton se tornou um problema crescente nos últimos anos. Conforme noticiado pelo veículo local CBC, em 2024, mais de 1.800 pessoas ficaram sem teto em uma cidade que conta com cerca de 60 mil habitantes.

Para enfrentar essa dificuldade, LeBrun optou por uma solução duradoura, diferente dos abrigos temporários: a construção de 99 microcasas de 22 metros quadrados, cada unidade contando com cozinha, banheiro, sala de estar e painéis solares para minimizar o consumo de energia.

Moradias funcionais e acessíveis

As residências foram planejadas para promover autonomia e preservar a dignidade dos moradores. O modelo adota aluguel subsidiado de aproximadamente 200 dólares mensais (cerca de 1.130 reais), voltado para pessoas que recebem assistência social, cujo valor médio é de cerca de 636 dólares (cerca de 3.590 reais).

O valor mensal inclui serviços essenciais e acesso à internet, facilitando a reintegração social dos moradores. O projeto sustentável também oferece uma cafeteria comunitária, uma gráfica, hortas e uma oficina de serigrafia que geram empregos para os residentes.

O objetivo é que os beneficiários desenvolvam habilidades e caminhem rumo à independência financeira.

Interior das casas

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Uma comunidade dentro da cidade

LeBrun ressalta que o foco não é apenas erguer casas, mas construir comunidades. “Me vejo como um construtor de comunidades, e o que estamos fazendo aqui não é só erguer casas, mas ajudar a tornar nossa cidade melhor”, destacou o empresário canadense.

A proposta prevê também um centro comunitário e uma cozinha para capacitação, ambos administrados pelos próprios moradores, criando novas chances de trabalho e fortalecendo o convívio social. O governo canadense apoiou o projeto com um aporte de 12 milhões de dólares após avaliar o impacto positivo da iniciativa.

Comparação com outros modelos

Apesar da boa recepção, especialistas chamam atenção para os riscos de concentrar populações vulneráveis em um único espaço.

O analista Jeffrey Buchanan pontuou a necessidade de soluções de moradia que sejam permanentes e integrativas. Mesmo assim, o 12 Neighbours tem servido de modelo para outras cidades enfrentando problemas similares.

Por exemplo, em San José, na Califórnia, contêineres marítimos vêm sendo usados como moradias, com custo aproximado de 150 mil dólares por unidade (aproximadamente 850 mil reais).

Hoje, o ex-CEO de tecnologia lidera um projeto com mais de 70 casas já em uso, que redefine o conceito de assistência social. Além das 99 moradias, estão previstos um centro comunitário e uma cozinha para treinamento profissional.

Jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente, é repórter multimídia no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Antes passou pela TV Alterosa. Escreve, em colaboração com a Itatiaia, nas editorias de entretenimento e variedades.