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Uso excessivo de antibióticos na infância aumenta risco de doenças crônicas, diz estudo

O trabalho analisou prontuários eletrônicos de crianças para avaliar os efeitos da prescrição de antibióticos na infância

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O uso de antibióticos nos primeiros dias de vida está associado a um risco maior de desenvolver asma, alergias alimentares e deficiência intelectual, apontou um estudo publicado na revista científica Clinical Infectious Diseases. A pesquisa foi realizada no Reino Unido com mais de um milhão de crianças, que foram acompanhadas entre 1987 e 2020.

O trabalho analisou prontuários eletrônicos de crianças para avaliar os efeitos da prescrição de antibióticos na infância.

Os dados mostra que os bebês que tomara o medicamento antes dos dois anos tiveram aumento significativo no diagnóstico de doenças alérgicas, como asma, alergia alimentar e rinite alérgica.

“Esses resultados são um importante alerta. Antibióticos salvam vidas, mas, se forem usados em excesso e fora de indicação precisa, podem modificar o futuro imunológico e neurológico das crianças”, disse Linus Pauling Fascina, pediatra e gerente médico do Hospital Municipal Gilson de Cássia Marques de Carvalho, em São Paulo, unidade pública gerida pelo Einstein Hospital Israelita.

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Uma das associações mais surpreendentes do estudo foi a deficiência intelectual. Crianças que foram expostas a cinco ou mais ciclos antibióticos antes dos dois anos apresentaram um risco quase três vezes maior de ter essa condição do que aqueles que tomaram apenas um ou dois ciclos.

Apesar dos números expressivos, o estudo não encontrou associações entre o uso de antibióticos e doenças como diabetes tipo 1, doença celíaa, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou ansiedade.

Segundo Fascina, o problema não é no antibiótico, mas no uso indiscriminado deles. “Infelizmente, ainda existe o mito de que antibiótico ‘cura qualquer coisa’. Isso leva à prescrição desnecessária, principalmente em casos de febre baixa, gripes ou resfriados, causados por vírus e não respondem a esse tipo de medicamento”, afirmou.

*Com Agência Einstein

Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.