A prática de exercícios em casa pode ajudar a melhorar a mobilidade de pessoas com doença de Parkinson. É o que mostra um
A pesquisa foi conduzida por cientistas da Mahidol University, na Tailândia, com participação de pesquisadores do Reino Unido e da Universidade de São Paulo (USP). O grupo investigou os efeitos da combinação entre a Estimulação Magnética Transcraniana repetitiva (EMTr) – técnica não invasiva usada em tratamentos neuológicos e psiquiátricos – e exercícios físicos domiciliares.
Os resultados mostraram que a atividade física, mesmo feita em casa, melhorou a locomoção dos participantes. Já a EMTr provocou alterações em marcadores cerebrais, mas não trouxe ganhos clínicos ou de movimento adicionais.
Sobre a doença de Parkinson
Segundo o professor Paulo Roberto Pereira Santiago, da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP-USP), ao Jornal da USP, a doença de Parkinson afeta os movimentos por causa da degeneração de células da “substância negra”, uma região do cérebro. Entre os principais sintomas estão tremores, rigidez muscular, lentidão, desequilíbrio e alterações na fala e escrita.
A
Como foi feito o estudo e seus resultados
O estudo buscou alternativas para melhorar as dificuldades motoras dos pacientes, especialmente na marcha e no equilíbrio. A EMTr foi aplicada na área motora suplementar do cérebro, responsável pelo início e pela organização dos passos.
O ensaio clínico envolveu 39 voluntários com Parkinson leve a moderado, divididos em três grupos: um recebeu EMTr e exercícios físicos, outro recebeu EMTr simulada e exercícios, e o terceiro manteve apenas o tratamento clínico. O protocolo incluiu dez sessões de estimulação e oito semanas de atividades em casa, com alongamentos, exercícios de respiração, postura e treino de marcha.
Os resultados mostraram que apenas os grupos que praticaram os exercícios tiveram melhorias significativas no equilíbrio e na capacidade de andar em curvas, em comparação ao grupo controle.
A EMTr modificou a excitabilidade do córtex cerebral, mas sem impacto funcional adicional. “Na prática, os exercícios domiciliares foram os motores das melhoras funcionais. A estimulação modulou o cérebro, mas não trouxe ganhos percebidos no dia a dia”, explicou o professor Santiago ao Jornal da USP.
Mesmo assim, o pesquisador considera que a combinação entre neuromodulação e atividade física é viável. Segundo ele, o estudo reforça que a modulação cerebral nem sempre se traduz em benefícios clínicos imediatos, mas pode orientar futuras pesquisas.
Santiago destaca ainda que a prática física, quando bem planejada e acompanhada, é uma alternativa simples e eficaz para melhorar a locomoção de pessoas com Parkinson. “É uma opção acessível, prática e que pode ser incorporada à rotina dos pacientes”, conclui.
(Sob supervisão de Aline Campolina)