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Exercícios em casa ajudam na mobilidade de pessoas com Parkinson, segundo estudo

Pesquisa publicada na Clinical Neurophysiology aponta que a atividade física domiciliar melhora a locomoção; OMS estima que cerca de 4 milhões de pessoas vivam com a doença no mundo

Pesquisa publicada na Clinical Neurophysiology aponta que a atividade física domiciliar melhora a locomoção

A prática de exercícios em casa pode ajudar a melhorar a mobilidade de pessoas com doença de Parkinson. É o que mostra um estudo internacional publicado na revista Clinical Neurophysiology.

A pesquisa foi conduzida por cientistas da Mahidol University, na Tailândia, com participação de pesquisadores do Reino Unido e da Universidade de São Paulo (USP). O grupo investigou os efeitos da combinação entre a Estimulação Magnética Transcraniana repetitiva (EMTr) – técnica não invasiva usada em tratamentos neuológicos e psiquiátricos – e exercícios físicos domiciliares.

Os resultados mostraram que a atividade física, mesmo feita em casa, melhorou a locomoção dos participantes. Já a EMTr provocou alterações em marcadores cerebrais, mas não trouxe ganhos clínicos ou de movimento adicionais.

Sobre a doença de Parkinson

Segundo o professor Paulo Roberto Pereira Santiago, da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP-USP), ao Jornal da USP, a doença de Parkinson afeta os movimentos por causa da degeneração de células da “substância negra”, uma região do cérebro. Entre os principais sintomas estão tremores, rigidez muscular, lentidão, desequilíbrio e alterações na fala e escrita.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 4 milhões de pessoas vivam com a doença no mundo, número que pode dobrar até 2040 devido ao envelhecimento da população.

Como foi feito o estudo e seus resultados

O estudo buscou alternativas para melhorar as dificuldades motoras dos pacientes, especialmente na marcha e no equilíbrio. A EMTr foi aplicada na área motora suplementar do cérebro, responsável pelo início e pela organização dos passos.

O ensaio clínico envolveu 39 voluntários com Parkinson leve a moderado, divididos em três grupos: um recebeu EMTr e exercícios físicos, outro recebeu EMTr simulada e exercícios, e o terceiro manteve apenas o tratamento clínico. O protocolo incluiu dez sessões de estimulação e oito semanas de atividades em casa, com alongamentos, exercícios de respiração, postura e treino de marcha.

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Os resultados mostraram que apenas os grupos que praticaram os exercícios tiveram melhorias significativas no equilíbrio e na capacidade de andar em curvas, em comparação ao grupo controle.

A EMTr modificou a excitabilidade do córtex cerebral, mas sem impacto funcional adicional. “Na prática, os exercícios domiciliares foram os motores das melhoras funcionais. A estimulação modulou o cérebro, mas não trouxe ganhos percebidos no dia a dia”, explicou o professor Santiago ao Jornal da USP.

Mesmo assim, o pesquisador considera que a combinação entre neuromodulação e atividade física é viável. Segundo ele, o estudo reforça que a modulação cerebral nem sempre se traduz em benefícios clínicos imediatos, mas pode orientar futuras pesquisas.

Santiago destaca ainda que a prática física, quando bem planejada e acompanhada, é uma alternativa simples e eficaz para melhorar a locomoção de pessoas com Parkinson. “É uma opção acessível, prática e que pode ser incorporada à rotina dos pacientes”, conclui.

(Sob supervisão de Aline Campolina)

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Izabella Gomes é estudante de Jornalismo na PUC Minas e estagiária na Itatiaia. Atua como repórter no jornalismo digital, com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo.