Uma pesquisa nacional revelou dados alarmantes sobre a violência sexual no país. O levantamento mostra que mais da metade da população conhece uma mulher que foi vítima de estupro e, entre as meninas violentadas, a maioria nunca contou a ninguém sobre o crime. De acordo com o estudo, seis em cada dez pessoas afirmam conhecer uma mulher que sofreu violência sexual, e quase 60% já ouviram falar de vítimas com menos de 13 anos.
“Boa parte dos brasileiros conhece alguma história de uma menina ou mulher que foi estuprada. Isso é muito grave e mostra a necessidade de tirar o tema da invisibilidade, enfrentando o tabu e o estigma que envolvem o assunto para combater essa tragédia que afeta milhões de pessoas”, afirmou Marisa Sanematsu, diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão, em entrevista à TV Brasil.
Entre as mulheres entrevistadas, 15% declararam ter sido estupradas, representando cerca de 13 milhões de brasileiras. Outro dado preocupante é que seis em cada dez meninas violentadas não contaram sobre o abuso a ninguém.
“Muitas vezes, a vítima não tem consciência de que está sofrendo uma violência. Isso passa pela vergonha, pelo medo, por ameaças dos agressores e também pelo estigma que faz com que elas temam não serem acreditadas”, explicou Sanematsu.
A pesquisa também revelou que 70% das mulheres gostariam de ter a opção de interromper legalmente a gravidez em casos de estupro. O levantamento apontou ainda falta de informação sobre os direitos das vítimas e ausência de políticas públicas eficazes.
Para o advogado Jaime Fusco, a falta de acesso à informação agrava o problema, especialmente fora dos grandes centros.
“A legislação é omissa com mulheres e meninas que sofrem esse crime e não denunciam. Quando falamos de capitais, ainda há algum suporte, mas no interior, especialmente no Norte e Nordeste, a situação é muito mais difícil. Muitas meninas de 11, 12 ou 13 anos acabam sendo tratadas como esposas de homens mais velhos. A ausência de informação faz com que esse crime se perpetue”, alertou.