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UFMG aponta desigualdade entre ricos e pobres na prática de atividade física; entenda o cenário

Pesquisa identificou, dentre nove pequenas áreas da capital mineira, desigualdade no crescimento da prática de atividade física entre áreas periféricas e áreas centrais

Atividades físicas ajudam a evitar problemas de saúde

Estudo publicado na revista Public Health neste mês, por pesquisadores do Observatório de Doenças e Agravos não Transmissíveis (ObDant) da Escola de Enfermagem da UFMG, mapeou a prevalência de atividade física no tempo livre em pequenas áreas de Belo Horizonte. A pesquisa foi realizada com dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas (Vigitel) e com técnicas de inteligência artificial, por meio de métodos de aprendizado de máquina (machine learning).

Para a pesquisa, a capital mineira foi dividida em nove pequenas áreas, das quais foi identificada, no período de 2009 a 2013, uma variação de 23,70% nas áreas de maior vulnerabilidade e até 45,55% nas regiões de menor vulnerabilidade. Já entre 2014 e 2018, a prevalência de atividade física no tempo livre variou de 31,44%, nas regiões de maior risco, até 52,81% nas regiões de menor risco.

O estudo considerou como ativo, pessoas que praticam, pelo menos, 150 minutos de atividade física por semana. Para Thania Mara Teixeira, uma das autoras da pesquisa, nos últimos anos foi observado um aumento da prática de atividade física, mas a desigualdade entre a prática em áreas mais vulneráveis e menos vulneráveis continuou alta.

“A prática de atividade física aumentou para todo mundo. Porém, quando eu comparo o mais rico com o mais pobre, eu vejo que o mais rico aumentou mais. Então, a diferença entre o mais rico e o mais pobre não diminuiu. A iniquidade persistiu. A atividade física aumenta, porém eu preciso de mais investimento em áreas mais periféricas, porque ainda que ali esteja aumentando, aumentou não para diminuir essa diferença”, explicou a pesquisadora para a Itatiaia.

Motivos da desigualdade

Thania explica que a disparidade pode ter vários motivos, como fatores ambientais, a condição socioeconômica do indivíduo, status educacional, nível educacional, idade e gênero. “O estudo traz subsídio para a gente entender as diferenças regionais e locais para conseguir propor intervenções mais assertivas”, detalha a pesquisadora.

As pesquisadoras utilizaram a inteligência artificial para realizar o agrupamentos de grupos censitários com características mais similares. A partir do índice de vulnerabilidade da saúde (IVS), o estudo pegou os setores centrais da capital mineira e agrupou em áreas ainda menores.

“Então eu tenho a cidade que é grande, o índice de vulnerabilidade da saúde (IVS), e a gente precisou ainda de áreas menores do que essa. E a gente observou que dentro dessas áreas menores foram existem diferenças que a gente não observava pelo IVS. Então, a gente observou, por exemplo, uma crescente no aumento da prevalência de atividade física de 2009 até 2018”, disse Thania Mara Teixeira.

A pesquisadora ressalta que a atividade física é essencial para a saúde pública. Segundo Thania, estudos consolidados já associam a prática a um risco reduzido de mortalidade e ao aumento da expectativa de vida. Nesse sentido, a autora da pesquisa, ainda detalha a conexão entre a atividade física e uma menor incidência de doenças crônicas, depressão, ansiedade e diversos transtornos mentais.

“Uma vida com atividade física não é só uma obrigação. Mas é uma vida mais leve, mais alegre e a gente espera que conseguir, de fato, fazer com que cada vez mais pessoas possam ter essa oportunidade e decidir persistir nesse caminho”, defende Thania Mara Teixeira.

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Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas