Em 2024 morreram 62 milhões de pessoas em todo o mundo, pelas mais diferentes causas. O número expressivo, no entanto, não impressiona mais do que o fato de cerca de 20% do total anual de óbitos serem, tradicionalmente, resultado de comportamentos e hábitos das próprias pessoas.
Tais estilos de vida acarretam problemas de saúde que se acumulam com o tempo até chegarem ao ponto de tirar a vida de milhões de pessoas por ano (vítimas, por exemplo, de enfarto ou câncer).
Segundo estudo Global Burden of Disease, realizado pelo Institute for Health Metrics and Evaluation dos Estados Unidos em 2019 (último ano completo pré-pandemia da Covid19), o hábito de fumar continua sendo o principal vilão da saúde e causador de 7,69 milhões de mortes em todo o mundo. Seguido pelo fator uso do álcool, responsável por 1,44 milhão de óbitos. Em terceiro e quarto lugares na lista aparecem a dieta alimentar com excesso de sódio (1,89 milhão de mortes) e a dieta muito pobre em grãos, cereais e fibras (1,85 milhão).
Com números menores mas nem por isso menos relevantes, as mortes por suicídio superam 700 mil pessoas todos os anos segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), e são especialmente frequentes na faixa entre os 15 e 29 anos. Para cada suicídio, estima-se que haja impressionantes 20 tentativas de suicídio.
Embora exista uma relação próxima entre suicídio e problemas de saúde mental (em particular, depressão e transtornos por uso de álcool) muitos suicídios ocorrem impulsivamente em momentos de crise. Outros fatores de risco incluem experiências de perda, solidão, discriminação, conflitos de relacionamento, problemas financeiros, dor e doenças crônicas, violência, abuso e conflitos ou outras emergências humanitárias, relata a OMS.
A organização informa também que mais de um bilhão de pessoas vivem com algum tipo de transtorno mental, uma porcentagem bastante grande considerada atual população global de 8,2 bilhões de pessoas. Especialistas alertam que ansiedade e depressão causam imensos prejuízos não apenas humanos mas também econômicos (ausências no trabalho e licenças médicas por exemplo). Apesar de muitos países terem reforçado suas políticas e programas de saúde mental, estima-se que são necessários mais investimentos e ações em nível global para ampliar tais cuidados protetivos.
Ansiedade e depressão estão presentes em todos os países e comunidades, afetando pessoas de todas as idades e níveis de renda. Representam a segunda maior causa de incapacidade a longo prazo, contribuindo para a perda de qualidade de vida.
As novas descobertas publicadas em dois estudos recentes e bastante abrangentes (“Saúde Mental Mundial Hoje” e “Atlas de Saúde Mental 2024”) destacam algumas áreas de progresso, ao mesmo tempo que expõem lacunas significativas no enfrentamento dos problemas de saúde mental em todo o mundo.
“Transformar os serviços de saúde mental é um dos desafios mais urgentes da saúde pública”, afirma Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “Investir em saúde mental significa investir em pessoas, comunidades e economias – um investimento que nenhum país pode se dar ao luxo de negligenciar. Todo governo e todo líder tem a responsabilidade de agir com urgência e garantir que o cuidado com a saúde mental seja tratado não como um privilégio, mas como um direito fundamental de todos.”
O Brasil assiste a uma onda preocupante no campo da saúde mental, com impacto direto na vida tanto de trabalhadores como no dia a dia das empresas. Dados do Ministério da Previdência Social sobre afastamentos do trabalho mostram que em 2024 foram concedidas mais de 460 mil licenças médicas, o maior número em pelo menos dez anos.