Jejum e diabetes: benefícios, riscos e cuidados essenciais para a saúde

Entenda como o jejum afeta o organismo, quando pode ajudar no controle do diabetes e por que a orientação médica é indispensável

O jejum para quem tem diabetes precisa seguir regras e precaução

Com a chegada de períodos festivos e o verão, o jejum volta a fazer parte da rotina de muitas pessoas. Presente em diferentes culturas, a prática vai além da alimentação. No hinduísmo, o jejum, conhecido como upavas, representa devoção, disciplina e purificação. Na Grécia antiga, filósofos como Pitágoras e Platão acreditavam que jejuar ajudava a alcançar clareza mental. Já no cristianismo, a Quaresma é um tempo de preparação e penitência, enquanto no islamismo o Ramadã reforça valores como empatia, autocontrole e gratidão.

De acordo com um artigo publicado pelo site de notícias Times of India, apesar dos possíveis benefícios espirituais e de saúde, o jejum precisa ser feito com cuidado. Quando realizado de forma inadequada, pode trazer riscos, especialmente para pessoas com diabetes. Ainda de acordo com o periódico, entender como o corpo reage ao jejum é fundamental para evitar problemas.

Jejum e diabetes

O diabetes, principalmente o tipo 2, está ligado à resistência à insulina. No início do jejum, o corpo utiliza a glicose armazenada para manter a energia. Quando esse estoque diminui, o organismo passa a queimar gordura. Nesse processo, o fígado transforma a gordura em corpos cetônicos, que passam a servir como fonte alternativa de energia.

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Um hormônio importante nesse mecanismo é o glucagon. Ele ajuda a manter o açúcar no sangue estável, estimulando a liberação de energia a partir da gordura quando os níveis de glicose caem, como ocorre durante o jejum ou exercícios físicos. Após alguns dias, o corpo passa a usar com mais intensidade as reservas de gordura do fígado, do pâncreas e de órgãos internos, o que pode impactar positivamente a saúde metabólica.

Quais são os benefícios do jejum

Pesquisas realizadas desde 2020 indicam que o jejum pode ser uma estratégia eficaz para reduzir o risco de diabetes tipo 2 e auxiliar no controle da doença. Entre os principais benefícios estão a melhora da sensibilidade à insulina, a redução da gordura corporal, a queda da pressão arterial e a diminuição do risco de doenças cardiovasculares.

Um estudo mostrou que cerca de 60 por cento das pessoas com diabetes tipo 2 há mais de cinco anos conseguiram reverter o quadro ao combinar jejum com exercícios físicos regulares. No entanto, os especialistas alertam que, sem a manutenção de hábitos saudáveis, a doença pode voltar.

Existem diferentes formas de jejum. O jejum intermitente é um dos mais conhecidos e alterna períodos de alimentação
com períodos sem comer. Os métodos mais populares são o 16 por 8, no qual a alimentação ocorre em uma janela de oito horas por dia, e o 5 por 2, que prevê jejum em dois dias da semana. Há também jejuns mais longos, de um a vários dias, que podem provocar mudanças metabólicas associadas à proteção contra o diabetes.

Quando o jejum pode se tornar perigoso

Apesar dos benefícios, o jejum não é indicado para todas as pessoas. Quem tem diabetes deve redobrar a atenção, já que mudanças bruscas na alimentação ou na ingestão de líquidos podem causar complicações graves.

Entre os riscos estão a hipoglicemia, a desidratação e a cetoacidose diabética. Em alguns casos, o jejum também pode provocar aumento do açúcar no sangue, devido à ação de hormônios que estimulam o fígado a produzir glicose.

Como encontrar o equilíbrio

Antes de iniciar qualquer tipo de jejum, a recomendação é conversar com um médico. O profissional pode avaliar os riscos, orientar sobre ajustes na medicação e indicar a melhor forma de monitorar a glicemia durante o período sem alimentação.

O uso de dispositivos confiáveis para medir o açúcar no sangue é essencial. Para iniciantes, o ideal é começar com períodos mais curtos, como um jejum noturno de 12 horas, sempre com orientação médica ou de um profissional de saúde qualificado.

Controlar o diabetes durante o jejum exige atenção diária e monitoramento constante. A única forma segura de adotar essa prática é por meio de planejamento cuidadoso e acompanhamento profissional, garantindo que os benefícios não se transformem em riscos à saúde.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação Duo, FBK, Gira e Viver.

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