A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um medicamento inédito para
“O Kisunla (donanemabe) é um anticorpo desenvolvido para destruir diretamente uma das principais causas da Doença de Alzheimer: a proteína beta-amiloide no cérebro. Essa substância, ao se acumular, forma placas entre os neurônios e está associada à morte progressiva das células nervosas. O donanemabe reconhece e se liga a essas placas, promovendo sua remoção pelo sistema imunológico. Esse processo visa proteger os neurônios e, potencialmente, retardar o avanço do comprometimento cognitivo”, explica a médica geriatra mineira da Saúde no Lar, Simone de Paula Pessoa Lima.
O objetivo do medicamento é retardar a progressão clínica do Alzheimer em sua fase inicial. Os estudos demonstraram uma desaceleração modesta no declínio cognitivo e funcional ao longo de 18 meses de uso.
“Importante destacar que não se trata de uma cura ou de reversão dos sintomas, mas de um possível ganho em tempo de preservação da autonomia do paciente. Os efeitos perceptíveis variam de acordo com o perfil clínico individual e a fase em que o tratamento é iniciado”, ressalta a geriatra à Itatiaia.
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Indicação
O medicamento é indicado exclusivamente para pessoas com Alzheimer em estágio inicial, o que inclui aqueles com comprometimento cognitivo leve ou demência leve.
É essencial confirmar a presença de placas de beta-amiloide por meio de exames específicos, como PET-CT ou análise do líquor.
No entanto, a médica ressalta que há contraindicações importantes, como: pacientes com angiopatia amiloide cerebral, com uso de anticoagulantes, ou com alterações genéticas específicas (como homozigose para APOE ε4) apresentam maior risco de efeitos adversos, como edemas cerebrais e sangramentos. Por isso, a seleção criteriosa dos candidatos ao tratamento é fundamental.
Avanço no tratamento da doença
“A aprovação do medicamento representa um marco no tratamento da doença de Alzheimer. Embora os benefícios clínicos ainda sejam limitados e restritos a uma parcela específica da população, ela sinaliza um avanço importante na compreensão e no enfrentamento da doença”, afirma a geriatra Simone.
A existência de uma medicação aprovada baseada em um mecanismo biológico específico estimula o desenvolvimento de novas terapias mais eficazes e seguras. Além disso, segundo a médica, reforça a importância do diagnóstico precoce, da medicina personalizada e do monitoramento contínuo para ampliar as possibilidades terapêuticas no futuro.
“Mas vale entender que os benefícios ainda são modestos; o uso deve ser restrito a casos com diagnóstico confirmado por biomarcadores e, é fundamental acompanhamento por especialistas em geriatria, neurologia ou psiquiatria devido aos riscos dos efeitos adversos, como edemas cerebrais e hemorragias”, afirma a médica.