A modelo Carol Ribeiro, de 45 anos,
No relato que anunciou o diagnóstico, durante um evento, Carol descreveu que sentiu ‘calorões’ acompanhado de suor excessivo, além de lentidão mental.
‘Eu tinha exatamente os mesmos sintomas da
A descrição dos sintomas semelhantes gerou uma preocupação sobre como diferenciar o diagnóstico. Para tirar a dúvida é fundamental entender melhor sobre a doença e os sinais.
Esclerose múltipla
A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória e autoimune que acomete o sistema nervoso central, ‘provocando surtos de desmielinização — processo no qual a bainha de mielina que reveste os neurônios é danificada’, explica o médico neurocirurgião mineiro, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Felipe Mendes.
Segundo o médico, os sintomas clínicos variam conforme a topografia das lesões, podendo incluir:
- Neurite óptica, com perda visual unilateral dolorosa;
- Parestesias (formigamentos e dormência);
- Fraqueza muscular em membros;
- Ataxia e desequilíbrio;
- Fadiga intensa desproporcional ao esforço;
- Espasticidade;
- Alterações esfincterianas (urinárias e intestinais);
- Comprometimento cognitivo leve a moderado, com dificuldades de atenção, memória e processamento de informações.
A esclerose múltipla acomete predominantemente mulheres, com uma razão aproximada de 2 a 3 mulheres para cada homem. A faixa etária mais comum de início dos sintomas está entre os 20 e 40 anos, período de maior atividade produtiva e social. A prevalência é maior em populações de origem europeia e em regiões de clima temperado.
Sintomas podem ser confundidos ou semelhantes a outros distúrbios ou doenças?
De acordo com neurocirurgião, vários sintomas da esclerose múltipla são inespecíficos e podem se sobrepor a outras doenças neurológicas ou sistêmicas.
‘A neurite óptica, por exemplo, pode lembrar causas infecciosas ou vasculares de perda visual. Parestesias e fadiga podem ser confundidas com neuropatias periféricas, fibromialgia ou até transtornos ansiosos e depressivos. Alterações motoras e de marcha podem simular quadros como esclerose lateral amiotrófica (ELA), doenças reumatológicas como lúpus, síndromes carenciais (como deficiência de B12) ou até lesões expansivas intracraniana’, explicou Mendes à Itatiaia.
Com os sintomas e sinais inespecíficos, a diferenciação clínica pode ser difícil, especialmente nas fases iniciais ou em apresentações atípicas. Por isso, o médico destaca que a avaliação por um neurologista é fundamental.
‘A ressonância magnética é o principal exame de imagem para detectar lesões desmielinizantes características em cérebro e medula. A análise do líquor, com pesquisa de bandas oligoclonais, pode reforçar o diagnóstico. Testes neurofisiológicos também auxiliam em casos selecionados. O diagnóstico é clínico-radiológico, baseado nos critérios de McDonald, e depende da demonstração de disseminação no tempo e no espaço das lesões’, explicou.
Esclerose múltipla x Menopausa
‘Os sintomas relatados pela modelo Carol Ribeiro, como calorões, visão turva e uma certa lentidão mental, são bastante comuns durante a transição menopausal e podem, sim, gerar dúvidas nas mulheres que estão vivenciando esse período’, afirma a médica pós-graduada em endocrinologia e especialista em saúde da mulher e menopausa, Eliana Teixeira.
A médica explica que a menopausa é um processo fisiológico marcado pela queda progressiva dos hormônios ovarianos, especialmente o estrogênio, e esse declínio hormonal pode provocar manifestações variadas que afetam diferentes sistemas do organismo feminino.
‘Os calorões, ou ondas de calor, são um dos sintomas mais característicos da menopausa. Trata-se de uma sensação súbita de calor intenso, geralmente acompanhada de sudorese e, por vezes, palpitações, que afeta principalmente a região do rosto, pescoço e tórax. Eles ocorrem com mais frequência à noite e podem comprometer significativamente a qualidade do sono e, consequentemente, o bem-estar geral da mulher’, explica à Itatiaia.
É importante destacar que cada mulher vivencia a menopausa de forma única. Nem todas apresentam os mesmos sintomas ou com a mesma intensidade. Por isso, a avaliação individualizada, é essencial para orientar a conduta terapêutica mais adequada.
‘Qualquer mulher com idade superior aos 35 anos notar sintomas diferentes do habitual, é fundamental procurar ajuda médica especializada para entender o que está ocorrendo e possíveis diagnósticos em fases iniciais’, recomenda Eliane.
'É crescente o número de mulheres que vem apresentando a menopausa numa idade inferior aos 45 anos. E também porque as oscilações hormonais que ocorrem no climatério podem ocorrer até 8 anos antes da menopausa', acrescenta.