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Cigarro: falta de medicamento para ajudar parar de fumar dificulta tratamento

A falta nas farmácias do Niquitin, que pode ser encontrado em pastilhas ou adesivos, tem sido alvo de reclamação de quem quer parar de fumar

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Medicamento que ajuda no tratamento contra cigarro está em falta no mercado, desde o ano passado. A falta nas farmácias do Niquitin, que pode ser encontrado em pastilhas ou adesivos, tem sido alvo de reclamação de quem quer parar de fumar. De acordo com o médico pneumologista do Hospital das Clínicas da UFMG, Luiz Fernando Pereira, principalmente os pacientes da rede particular têm encontrado bastante dificuldade para encontrar o medicamento.

“É muito importante a pessoa querer parar de fumar. A força de vontade é a base de tudo para cessar tabagismo. A gente tem que ter um apoio profissional com mudanças comportamentais, de rotina, saber enfrentar os momentos de fissura. E, finalmente, o apoio medicamentoso, porque os medicamentos vão reduzir o sofrimento para aquelas primeiras semanas, para conseguir vencer a fase mais crítica da cessação. Em geral, após duas a quatro semanas, as dificuldades diminuem bastante. Os adesivos e as gomas e pastilhas de nicotina, então vou repor apenas nicotina para você, para não sentir tanta falta de nicotina. O adesivo cola na pele e libera nicotina contínua. Se a pessoa fuma vinte cigarros e coloca um adesivo de vinte e uma miligramas, equivale mais ou menos aos vinte cigarros. Mas, para quem fuma mais de dez cigarros é interessante, além do adesivo, acrescentar o uso da goma ou pastilha, como se fosse uma novalgina. Então, isso dá um grande alívio para a pessoa, porque o cérebro não sabe diferenciar se a nicotina chegou via cigarro ou chegou via chicletes ou pastilhas”, explica.

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O especialista detalha que a falta do medicamento já se arrasta desde a pandemia. “Você tem que procurar demais para alguém ter alguma reserva lá antiga de uma compra do passado. Ficamos nos últimos meses, vários meses, sem nenhum medicamento praticamente aqui no Hospital das Clínicas. Há menos de um mês, nós recebemos uma carga boa dessa medicação aqui no Hospital das Clínicas. Eles são gratuitos pelo governo, para quem está em programas. Mas quando eu atendo pelo convênio particular e vou prescrever, os pacientes relatam muitas dificuldades de encontrar, com explicações das mais variadas. Ah, é falta de insumo internacional por conta de guerra, por conta de pós-covid. Mas são explicações que não nos convence”, desabafa.

A falta dos medicamentos causa grande impacto no tratamento do paciente que está tentando ficar livre do vício do cigarro.“É um grande impacto, porque parar de fumar, quando eu consigo ter vontade, eu tenho apoio e eu tenho medicação, a chance de sucesso é alta. Quando eu quebro alguma parte dessas três, seja porque não tem remédio, seja porque não tem apoio, ou seja, porque eu mesmo não estou muito convicto da minha decisão, então eu não consigo. A dependência do tabaco parece demais, até quando a cocaína é mais do que a da maconha. Lembrando que a maioria das pessoas, elas param de fumar por conta própria. Os que procuram os médicos, os que me procuram, são aqueles que não estão conseguindo”, conclui o médico pneumologista do Hospital das Clínicas da UFMG, Luiz Fernando Pereira.

Segundo o vice-presidente do Sindicato das Farmácias e Drogarias de Minas Gerais, Rony Rezende, o estoque do Niquitin acabou recentemente. “Na verdade, a gente sentiu falta de um dos princípios ativos do nome de marca, que é o Niquitin, de setembro para cá. Então, a gente entende que é uma ruptura, mas ainda de pouco tempo para que a gente possa avaliar que é uma falta grave. Entendemos mais como uma falta sazonal”, detalha.


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Jornalista formada pelo Uni-BH, em 2010. Começou no Departamento de Esportes. No Jornalismo passou pela produção, reportagem e hoje faz a coordenação de jornalismo da rádio Itatiaia.