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Encefalite equina venezuelana: Fiocruz confirma três casos em humanos no Amazonas

Trata-se da primeira detecção do vírus da encefalite equina venezuelana em residentes de Tabatinga, região de tríplice fronteira com a Colômbia e o Peru

Doença transmitida por mosquitos afeta humanos e equinos

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmou três casos de encefalite equina venezuelana em humanos no Amazonas. Os infectados, dois homens e uma mulher, foram diagnosticadas na região do Alto Solimões.

A doença é endêmica no norte da América do Sul e na América Central, com raros casos nos Estados Unidos.

O virologista Felipe Gomes Naveca, do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), explica que se trata da primeira detecção do vírus da encefalite equina venezuelana em residentes de Tabatinga (AM), região de tríplice fronteira com a Colômbia e o Peru.

A informação sobre a detecção dos casos foi dada às autoridades de saúde em 31 de julho, sendo posteriormente emitido um alerta de risco pelas autoridades do município de Tabatinga.

A descoberta foi feita a partir da detecção do material genético do vírus da encefalite equina venezuelana (VEEV) pela equipe do estudo FrontFever. No dia 21 de agosto, um artigo relatando as pesquisas que resultaram no diagnóstico foi publicado para a comunidade científica. O monitoramento dos casos está sento feito no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Os casos foram identificados por meio da tecnologia de PCR em tempo real, desenvolvida na Fiocruz, seguida da confirmação por sequenciamento genético. “Nossos achados identificam o VEEV como uma causa sub diagnosticada de doença febril aguda na Amazônia brasileira”, explica.

No último dia 14, durante o II Encontro da Rede Genômica da Fiocruz, o virologista citou a descoberta dos casos para reforçar a importância da vigilância genômica no enfrentamento de arbovírus e de outros vírus emergentes, reemergentes, ou negligenciados, que podem surgir especialmente nas regiões como a Amazônia.

O que é a doença?

A encefalite equina venezuelana é uma doença viral causada por um alphavirus transmitido por mosquitos que afeta humanos e equinos. Trata-se de uma inflamação do cérebro, que pode deixar sequelas variadas, dependendo da gravidade da infecção e da área cerebral afetada.

As sequelas podem ser motoras, cognitivas, comportamentais e emocionais, afetando a qualidade de vida do indivíduo. No entanto, segundo a Fiocruz, felizmente, a maior parte dos casos transcorre como uma doença febril sem consequências graves. O genoma parcial do VEEV encontrado no estudo está disponível desde o dia 18 no GenBank.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde