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Como é definida a estimativa de vida de pessoas com doenças terminais?

Segundo a médica Flávia Dantas, tudo isso é calculado com base em diversos critérios e, assim, são feitas estimativas

Isabel Veloso está em tratamentos paliativos e tinha estimativa de seis meses de vida

A influenciadora Isabel Veloso, de 18 anos, viralizou nas redes sociais ao relatar que enfrenta um câncer terminal e tinha uma estimativa de seis meses de vida. Mas, afinal, como é definida essa estimativa?

Segundo a médica clínica Flávia Dantas, pós-graduada em cuidados paliativos e preceptora de uma residência de cuidados paliativos, para entender como esse prazo é definido, é preciso compreender que, na medicina, nada é exato e não existem certezas. Os médicos trabalham com probabilidade, algo que pode ser certeiro ou não.

Entendido isso, para definir o prazo, é necessário avaliar uma série de coisas: a condição de saúde do paciente, o estágio da doença, qual é a condição, a evolução, o diagnóstico e, sobretudo, é preciso conhecer a doença. Tendo em vista todos esses fatores, é definido um prazo, mas este não pode ser considerado 100% certeiro.

“Quando a gente chega para avaliar um paciente, a gente vai avaliar isso tudo, qual a condição clínica prévia, gravidade, quais tratamentos esse paciente já foi submetido e como ele reagiu a eles... Então a gente vai fazer toda essa avaliação e temos as ferramentas prognósticas, que são ‘calculadoras’ que nos ajudam a tentar estimar o tempo que essa pessoa tem”, explicou.

No caso de Isabel Veloso, ela contou que teve uma estimativa de seis meses de vida, mas esse prazo se encerrará mês que vem. “Vai fazer seis meses do prazo de vida que me deram mês que vem e eu consegui superar cuidando da minha cabeça e mudando meus hábitos de vida. Só viva”, contou.

Sabedoria

Para a médica, é preciso ter sabedoria para se comunicar com o paciente e com a família em casos como esse. É preciso avaliar individualmente a qualidade de vida daquela pessoa que está com a doença terminal. Discutir tratamento, internações, efeitos colaterais, tudo isso é necessário para garantir que o paciente tenha o melhor cuidado possível.

“Eu posso discutir com o paciente se um tratamento, por exemplo, que vai mantê-lo muito tempo internado ou com efeitos colaterais muito importantes, com uma expectativa de dar a ele mais algumas semanas de vida, mas essas semanas vão ser passadas em situações de internações, com complicações... Será que esse tratamento é o melhor para esse paciente, ou será que eu posso mantê-lo nesse tempo com uma qualidade maior sem tratamentos muito agressivos?”, refletiu.

No caso de pessoas que têm uma expectativa de anos de vida, a perspectiva é diferente. Segundo a médica, um tratamento agressivo pode fazer mais sentido e ter um resultado melhor. Por isso, é preciso ter sabedoria para saber escolher e discutir com o paciente e com a família o que é mais interessante.

Todos os prazos são probabilidades

Como dito no início desta matéria, tudo que é relacionado a prazos na medicina são estimativas e probabilidades. “A gente tem que saber trabalhar com as probabilidades. E não quer dizer que a estimativa esteva errada, mas às vezes o paciente fugiu daquela probabilidade”, finalizou.

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Diagnóstico de Isabel Veloso

A influenciadora Isabel Veloso, de 18 anos, relatou no dia 1º de março deste ano que enfrenta um câncer terminal e possui estimativa de 6 meses de vida - mas o período pode ser superior após estabilização da doença. Conforme a paranaense, ela tem linfoma de Hodgkin e vive com um tumor que fica em volta do coração.

Anos atrás, Isabel recebeu diagnóstico da doença, passou por transplante de medula óssea, além de quimioterapia. Ela chegou a relatar que havia sido curada, porém a doença voltou.

Antes de se casar no civil dia 13 de abril, a jovem exibiu laudo médico para comprovar seu estado de saúde para seus milhões de seguidores. A jovem foi acusada de fingir estar doente para angariar fundos para a cerimônia.

O documento destaca que a adolescente possui “Linfoma de Hodgkin sem resposta ao tratamento quimioterápico” e que ela passa por “cuidados paliativos exclusivos”.

Isabel contou também estar recebendo cuidados paliativos com canabidiol (CBD), uma substância química da planta Cannabis sativa, para lidar com as dores.


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Jornalista formada pela PUC Minas. Mineira, apaixonada por esportes, música e entretenimento. Antes da Itatiaia, passou pelo portal R7, da Record.