Vereadores de BH podem votar moção de protesto contra exposição do CCBB

A mostra ‘Fullgás’ foi alvo de uma disputa entre parlamentares que alegaram haver ‘conteúdo impróprio’ para menores nas obras de arte

Os vereadores, autores da moção, questionam a classificação livre da exposição.

Os vereadores da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) podem votar, nesta sexta-feira (14), uma moção de protesto contra a exposição “Fullgás — Artes visuais e anos 1980 no Brasil”, que esteve em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) até o dia 10 de novembro.

A justificativa dos autores da moção, os vereadores Flávia Borja (DC) e Irlan Melo (Republicanos), é a ausência da indicação de faixa etária para acesso à mostra cultural.

Sem o indicativo, os parlamentares questionam a “classificação livre” da exposição, que supostamente teria obras “inapropriadas para menores de idade”.

Leia também

Normalmente, moções não precisam ser votadas em plenário, a menos que sejam alvo de impugnação — como ocorreu neste caso, após pedido dos vereadores Cida Falabella (PSOL), Iza Lourença (PSOL), Juhlia Santos (PSOL), Luiza Dulci (PT), Pedro Patrus (PT) e Dr. Bruno Pedralva (PT). Eles alegam que a exposição passou por outras capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, com classificação etária livre.

Para ser aprovada, a moção precisa obter, no mínimo, 21 votos. Se alcançar essa marca, o texto será enviado ao prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil).

Exposição de arte

A exposição Fullgás contou com aproximadamente 300 obras de arte de mais de 200 artistas brasileiros. A mostra ficou disponível no CCBB entre os dias 27 de agosto e 10 de novembro deste ano.

Em outubro, Borja e Irlan Melo utilizaram um aparato de segurança pública para tentar fechar a exposição. Acompanhados de guardas civis municipais e policiais militares, os dois vereadores entraram na mostra alegando exercer atividade parlamentar de fiscalização, motivados por supostas denúncias de famílias incomodadas com o teor das obras.

Entre as peças citadas pela vereadora como supostamente impróprias para determinada faixa etária está uma mensagem sobre sexo seguro, com orientação para o uso de preservativos a fim de evitar a contaminação por doenças como a AIDS, causada pelo vírus HIV.

O objetivo da exposição era abordar o Brasil durante o período de redemocratização, após a ditadura militar.

Em nota, à época, o CCBB afirmou que a mostra seguia as normas do Guia Prático de Artes Visuais do Ministério da Justiça, publicado em 2021, que estabelece “que a apresentação de níveis elementares e fantasiosos de violência e obras de arte sem teor erótico explícito têm Classificação Indicativa Livre”.

Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já foi produtora de programas da grade e repórter da Central de Trânsito Itatiaia Emive.

Ouvindo...