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Tarifaço: Dino nega que decisão sirva para acirrar ânimos e rebate mercado

‘Quem se vendeu por 30 moedas foi Judas’, afirmou o ministro do Supremo Tribunal Federal

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta sexta-feira (22) que sua intenção ao proibir que empresas brasileiras obedeçam decisões de outros países seja acirrar os ânimos com os Estados Unidos, em meio à sobretaxa de 50% às exportações brasileiras.

“Alguns acham que essa decisão e outras vêm no sentido de aumentar conflitos, é ao contrário, é no sentido de harmonizar situações contenciosas e sobretudo evitar conflitos no futuro. Um país que valoriza a sua Constituição não pode aceitar medidas de força que ameacem os seus cidadãos, as suas cidadãs e que ameaçam as suas empresas”, declarou o magistrado a jornalistas em um evento na Bahia.

Na segunda-feira (18), Dino proibiu que empresas brasileiras ou que atuem no Brasil sigam ordens de outros países que restrinjam direitos ou imponham obrigações. Apesar de não citar diretamente, a decisão faz referência a aplicação da Lei Magnitsky, dos EUA, contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

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O ministro rebateu ainda as críticas feitas por agentes do mercado financeiro à decisão, com o temor de sanções dos EUA contra bancos brasileiros pelo não cumprimento da norma americana.

“Houve questionamentos sobre questões financeiras. Isso é uma questão que cabe aos outros poderes do Estado e que cabe às forças da sociedade e do mercado. Mas o Supremo não participa de um programa muito conhecido chamado ‘Topa Tudo por Dinheiro’. Porque se fosse esse o critério, você vendia a Constituição, você vendia um pedaço do território nacional. Quem se vendeu por 30 moedas foi Judas”, criticou.

Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.