STF retoma julgamento do marco temporal em meio a tensão com o Congresso

Análise no plenário virtual acontece após reação do Legislativo e avanço da proposta no Senado

Marco Temporal é centro de uma queda de braço entre o STF e o Legislativo

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta segunda-feira (15) o julgamento do marco temporal para a demarcação de terras indígenas. A análise acontece a partir das 11, no plenário virtual da Corte. A votação ficará aberta até quinta-feira (18), às 23h59.

A sessão foi marcada pelo presidente do STF, Edson Fachin, após solicitação do relator do caso, Gilmar Mendes. Na última quinta-feira (11), o tribunal concluiu a fase presencial de sustentações orais das partes envolvidas nos quatro processos que tratam do tema.

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A votação em meio a um embate motivado pela tensão envolvendo a mudança no rito do impeachment de ministros da Corte, que começou a ser discutido a partir de uma decisão do ministros Gilmar Mendes que chegou a limitar à Procuradoria-geral da República o aval para que os pedidos chegassem ao Congresso. Logo em seguida, o senado reagiu e pautou PEC sobre marco para demarcação de terras indígenas.

Inconstitucional ou não?

O marco temporal não é um tema novo para o TSE. A proposta, vinda do Congresso Nacional, volta à pauta do STF dois anos após a Corte já ter declarado a tese inconstitucional. Segundo esse entendimento, os direitos territoriais indígenas não estariam limitados à ocupação das terras em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição.

Apesar disso, o tema retornou ao centro do debate após o Congresso aprovar uma nova lei que validou a tese do marco temporal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a vetar trechos do texto, mas o veto foi derrubado pelo Legislativo, fazendo prevalecer novamente a regra segundo a qual os povos indígenas só teriam direito às terras ocupadas até 1988 ou que estivessem em disputa judicial naquele período.

Após a derrubada do veto, PL, PP e Republicanos acionaram o STF para manter a validade da lei. Em sentido oposto, entidades indígenas e partidos da base governista também recorreram à Corte, pedindo a reafirmação da inconstitucionalidade da tese.

Paralelamente ao julgamento no Supremo, o Senado aprovou nesta semana uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que inclui o marco temporal diretamente na Carta Magna da Constituição. A proposta ainda precisa ser analisada pela Câmara dos Deputados.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio

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