Ouvindo...

Propag: ALMG pode retomar discussões nesta semana com privatização da Copasa na mira

Decreto do governo federal com flexibilização de prazos suspendeu temporariamente as discussões sobre renegociação das dívidas

Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG)

As discussões sobre o Propag, o Programa de Pleno Pagamento das Dívidas Estaduais com a União, podem ser retomadas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) após o período de análise do decreto federal assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O documento prorrogou prazos e flexibilizou regras do programa, que renegocia a dívida mineira, atualmente em cerca de R$ 170 bilhões.

Uma reunião de líderes está prevista para o começo desta semana e pode definir os rumos de projetos de lei sobre o tema que tramitam na Casa.

O governo de Minas apresentou à ALMG 14 textos relacionados à adesão ao Propag, sendo que cinco já foram aprovados e sancionados, incluindo autorizações para cessão de direitos creditórios e federalização de estatais como Codemig e Codemge. Entre os projetos ainda em tramitação estão medidas que envolvem imóveis do Estado, ampliação das funções da Arsae-MG e federalização da Minas Gerais Participações (MGI).

Leia também

Paralelamente, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 24), que retira a exigência de referendo popular para a privatização da Copasa, já recebeu parecer favorável das comissões temáticas e está pronta para votação em plenário. A oposição argumenta que a prorrogação dos prazos do Propag pelo governo federal reduz a urgência da medida e defende que apenas a federalização da Codemig seria suficiente para viabilizar a adesão ao programa, sem necessidade de vender a Companhia de Saneamento.

A estratégia da oposição também se concentra na Codemig, estatal avaliada como o ativo mais valioso de Minas. Parlamentares apontam que o sigilo imposto a 13 documentos da empresa, divulgado no mesmo dia do decreto federal, pode estar relacionado à proteção de informações estratégicas, mas consideram que os dados poderiam esclarecer o real valor da estatal e enfraquecer o argumento de que novas privatizações são indispensáveis.

Do lado do governo, o governador Romeu Zema (Novo) mantém a prioridade na venda da Copasa ainda neste ano, independentemente da ampliação dos prazos do Propag. A expectativa é de que os recursos arrecadados com a privatização contribuam para atender às exigências do programa, incluindo investimentos obrigatórios em educação e infraestrutura, equivalentes a 1% do estoque da dívida por ano.

O calendário eleitoral de 2026 também é levado em conta na estratégia do Executivo, que quer concluir a venda antes da intensificação do debate político no próximo ciclo eleitoral. Enquanto isso, a PEC 24 segue pronta para votação em primeiro turno na ALMG, e deputados da oposição concentram esforços em demonstrar que a federalização da Codemig poderia atender aos objetivos fiscais do Propag, sem a necessidade de recorrer à privatização da Copasa.

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.