Quase 60% dos mineiros reprovam a privatização da Copasa, aponta pesquisa

A privatização da Copasa foi aprovada em primeiro turno e esta em tramitação na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG)

Sede da Copasa no bairro Santo Antônio, região Centro-Sul de BH

Uma pesquisa contratada pela Associação Mineira de Municípios (AMM) aponta que 57% dos moradores de Minas Gerais é contra a privatização da Copasa. O levantamento foi feito pelo Instituto Opus entre 31 de outubro e 6 de novembro em todas as regiões do estado.

Segundo a pesquisa, 31% dos mineiros aprovam a venda da companhia e outros 13% não souberam responder. O levantamento foi apresentado nesta sexta-feira (5) pelo presidente da AMM e prefeito de Patos de Minas, Luís Eduardo Falcão (sem partido).

A privatização da Copasa foi aprovada em primeiro turno e esta em tramitação na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A AMM apresentará emendas ao texto antes da votação em segundo turno e já acionou o Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG) para pedir informações sobre o impacto da privatização da companhia nos municípios.

A privatização da Copasa

O PL 4.380/2025 teve sua tramitação precedida por uma atribulada discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/2023, também de autoria de Zema, que derrubou a exigência de um referendo popular para autorizar a privatização da Copasa.

A privatização da Copasa, bem como da Gasmig e da Cemig, já integrava a pauta do governo Zema desde o primeiro mandato, mas ganhou novo fôlego com a criação do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Com o projeto permitindo a privatização e federalização de ativos como forma de pagar a dívida com a União, vários projetos da pauta privatista do Executivo andaram na Assembleia após anos parados, incluindo os imóveis do estado.

O Propag prevê que estados refinanciem em 30 anos a dívida com a União e estabelece mecanismos para reduzir os juros cobrados sobre as parcelas. O projeto do Executivo Estadual é ingressar no programa abatendo 20% do estoque devido. Para obter o valor necessário na amortização da dívida, o Executivo enviou projetos para federalizar ou privatizar estatais à Assembleia.

Hoje os juros são indexados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Se o estado conseguir amortizar 20% do estoque da dívida, dois pontos percentuais da cobrança adicional são abatidos.

Outro ponto percentual pode ser abatido com o compromisso de que a economia obtida com essa redução de juros seja reinvestida no estado. O uso do valor que não será pago em forma de dívida deve, portanto, ser aplicado em ações de segurança pública, ensino profissionalizante, infraestrutura e outras áreas nevrálgicas da estrutura do estado. A venda da Copasa é defendida como forma de obter recursos para fazer tais investimentos no primeiro ano de adesão ao Propag.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.

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