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PF vai investigar ameaças a Dino após voto em julgamento de Bolsonaro

Investigações buscam identificar autores de mensagens que incentivam ataques a ministros e familiares

Flávio Dino, ministro do Supremo Tribunal Federal.

A Polícia Federal (PF) vai instaurar um inquérito para investigar as ameaças sofridas pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), após ele apresentar seu voto no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete aliados que foram condenados por tentativa de golpe de Estado.

O pedido foi feito pelo próprio ministro, que relatou ter recebido diversas mensagens com conteúdo violento. Em um ofício enviado à PF na terça-feira (9), Dino destacou o aumento expressivo das ameaças contra ele, outros ministros do STF e seus familiares.

Segundo o documento, são milhares de postagens em redes sociais, incentivando ataques letais aos magistrados e até a destruição da sede do Supremo.

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No ofício, Dino anexou prints com ameaças explícitas, algumas sugerindo que ele “deveria ir para o Nepal”. Outras são mais agressivas, dizendo: “O Nepal mostrou para todos nós brasileiros o caminho para acabar com vocês. Anda, continuem com essa palhaçada”.

A referência ao Nepal surgiu após a onda de protestos violentos que tomou conta do país asiático nos últimos dias, motivada por denúncias de corrupção. As manifestações resultaram em mortes, na renúncia do primeiro-ministro KP Sharma Oli e em incêndios a prédios públicos.

Dino afirmou que as mensagens não representam apenas ameaças, mas também podem ser caracterizadas como coação no curso do processo.

“A representação busca garantir que a Polícia Federal adote todas as medidas cabíveis para identificar os autores das gravíssimas ameaças”, afirmou o ministro.

Na quinta-feira (11), a Primeira Turma do STF decidiu condenar Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão. Por maioria dos votos, os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin condenaram Bolsonaro.

O ministro Luiz Fux decidiu divergir dos ministros e votou pela absolvição do ex-presidente.

Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.