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Oposição adia votação e debate sobre PEC do referendo da Copasa deve invadir a noite desta quinta

Deputados de oposição ao governo Zema apresentaram um questionamento sobre líder do governo ter presidido sessão na quarta-feira (22)

Deputados de oposição questionaram sessão presidida pelo líder do governo Zema

A mesa diretora da Assembleia Legislativa de Minas Gerais acatou, na manhã desta quinta-feira (23), uma questão de ordem apresentada pela oposição ao governador Romeu Zema (Novo) e cancelou uma das reuniões realizadas para a discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/2023. Com a medida, a votação em primeiro turno sobre o fim do referendo popular para autorizar a privatização da Copasa foi adiada para a sessão das 18h.

Por se tratar de uma PEC, a discussão do texto em plenário exige seis sessões de discussão. A sexta e última reunião estava prevista para a manhã desta quinta, mas uma questão de ordem apresentada pelo líder da oposição, o deputado Ulisses Gomes (PT), mudou a programação.

A oposição pediu o cancelamento da reunião das 14h de quarta-feira (22). A argumentação é de que a sessão foi presidida pelo deputado Roberto Andrade (PRD), que por ser líder da maioria, não poderia assumir a presidência da mesa.

O argumento foi acatado pela mesa diretora, que cancelou a reunião. Com a medida, a sessão de 14h desta quinta-feira será a última prevista para discussão da PEC e a votação em si deve acontecer na reunião extraordinária das 18h.

Em entrevista após a decisão de acatar a questão de ordem, Ulysses Gomes anunciou que a oposição está preparada para obstruir a votação e estender a reunião noite adentro.

“Sobre o cancelamento da reunião eu tenho dúvida, porque depende da disposição do governo. O que eu posso dizer é da disposição da oposição que tem total disposição de passar a madrugada e a manhã fazendo a discussão dentro do nosso tempo regimental para discutir. Isso nos dá as condições de muitas horas de obstrução. Se o governo com isso ainda quiser continuar, ao final da manhã, amanhã, a gente pode chegar na votação. O que não vai depender de nós. O que depende de nós é o limite do debate, nós nós iremos ao limite”, projetou o líder da oposição.

O que diz a PEC do referendo?

No início do século, durante o governo de Itamar Franco, a Assembleia aprovou por unanimidade a inclusão de um artigo na Constituição de Minas Gerais que obriga a realização de um referendo popular para aprovar a privatização das estatais de gás natural, energia elétrica e saneamento.

A PEC 24/2023 buscava retirar esse artigo e viabilizar a privatização de Cemig e Copasa. Após acordos entre os deputados, o texto foi alterado e manteve apenas a retirada do referendo para a Copasa.

A Copasa no Propag

A privatização da Copasa já integrava a pauta do governo Zema desde o primeiro mandato, mas ganhou novo fôlego com a criação do Propag. Com o projeto permitindo a privatização e federalização de ativos como forma de pagar a dívida com a União, vários projetos da pauta privatista do Executivo andaram na Assembleia após anos parados.

O Propag prevê que estados refinanciem em 30 anos a dívida com a União e estabelece mecanismos para reduzir os juros cobrados sobre as parcelas. O projeto do Executivo Estadual é ingressar no programa abatendo 20% do estoque devido.

Para obter o valor necessário na amortização da dívida, o Executivo enviou projetos para federalizar ou privatizar estatais à Assembleia. No caso da Copasa, além do texto específico que trata sobre a venda da companhia de saneamento, o governo precisa retirar da constituição a necessidade de realizar um referendo para autorização da privatização.

Hoje os juros são indexados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Se o estado conseguir amortizar 20% do estoque da dívida, dois pontos percentuais da cobrança adicional são abatidos.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.