A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quinta-feira (11) que as mulheres ficaram caladas por dois mil anos e que agora querem ter o direito de falar.
A declaração ocorreu durante seu voto no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete aliados acusados de uma suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022.
O comentário foi feito em tom de brincadeira, depois que o ministro Flávio Dino pediu para fazer uma observação sobre o voto da ministra.
“Concedo, desde que seja rápido, porque nós, mulheres, ficamos dois mil anos caladas e queremos ter o direito de falar. Mas eu concedo, como sempre. O debate faz parte dos julgamentos”, disse Cármen Lúcia, arrancando risadas no plenário.
Momento de constragimento
Na terça-feira (9), durante o julgamento, os ministros Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Flávio Dino protagonizaram um momento de constrangimento no plenário da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
A situação ocorreu após Dino interromper o voto de Moraes para fazer dois comentários. Em seguida, Fux reclamou, lembrando de um acordo prévio entre os ministros para que os votos fossem lidos sem interrupções.
“Só uma questão de ordem. Presidente, conforme combinamos naquela sala, aqui ao lado, os ministros votariam direto, sem intervenção de outros colegas, embora tenha sido muito própria essa intervenção do ministro Dino. Mas eu gostaria de cumprir aquilo que combinamos no momento em que eu votar”, afirmou Fux.
- Moraes respondeu prontamente: “Presidente, eu concedo a parte normalmente”.
- Fux rebateu: “É, mas eu não vou conceder, conforme combinamos lá na sala, porque o voto é muito extenso e a gente perde o fio da meada, principalmente quando representa certa discordância”.
- Moraes então encerrou: “Ministro Fux, a parte foi pedida a mim, e não a Vossa Excelência”.
Fux votou na quarta-feira (10) e apresentou um voto totalmente divergente do relator Alexandre de Moraes. Em quase 14 horas ele não foi interrompido por nenhum colega durante seu voto. Ele defendeu a absolvição de Bolsonaro e de cinco réus de todas as acusações.