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STF forma maioria para condenar Bolsonaro por plano de golpe de Estado

Ministra Cármen Lúcia acompanha voto de Moraes e Corte tem três votos pela condenação dos réus por cinco crimes

Presidente Jair Bolsonaro (PL) foi condenado pela maioria no Supremo Tribunal Federal (STF)

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, nesta quinta-feira (11), para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

O voto que consolidou a maioria foi dado pela ministra Cármen Lúcia, que seguiu o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes. Assim como Moraes, ela votou pela condenação do réu por cinco crimes:

  • Organização criminosa armada;
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • Golpe de Estado;
  • Dano qualificado pela violência e ameaça grave;
  • Deterioração de patrimônio tombado.

No caso do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Moraes pediu a condenação apenas pelos três primeiros crimes. Isso porque a Câmara dos Deputados aprovou a suspensão penal para atos cometidos após o início do mandato parlamentar.

Com três votos a favor da condenação — Moraes, Flávio Dino e Cármen Lúcia — a maioria foi formada, já que a Primeira Turma é composta por cinco ministros.

Durante seu voto, Cármen Lúcia defendeu que houve “prova cabal” no processo produzida pela Procuradoria-Geral da República sobre os crimes. Ela também defendeu que os atos de 8 de janeiro não foram “isolados” e que houve tentativa de golpe de Estado e planos de assassinato de autoridades.

Cármen Lúcia nega que julgamento tenho saído “rápido demais” e reforça a gravidade dos atos que estão sendo analisados. Ministra ainda completa: “Não dá pra comparar o mundo do passado com o mundo de agora”.

Apesar da maioria, o ministro Luiz Fux apresentou um voto totalmente divergente. Em quase 14 horas, defendeu a absolvição de Bolsonaro e de cinco réus de todas as acusações.

Fux decidiu condenar apenas Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa, pelo crime de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Quem são os réus

Além de Bolsonaro, são réus:

  • Alexandre Ramagem, deputado e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
  • Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa.

Voto de Moraes

Durante seu voto, Moraes afirmou que Bolsonaro foi o líder da tentativa de golpe e que a organização criminosa atuou de forma hierarquizada entre julho de 2021 e 8 de janeiro de 2023.

O voto do relator durou cerca de cinco horas e ele utilizou quase 70 slides para apresentar um retrospecto que começou com os primeiros ataques às urnas eletrônicas, em 2021, e culminou na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.

Segundo Moraes, a mera tentativa já configura crime de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

“Ninguém, na história da humanidade, viu golpista que deu certo se colocar no banco dos réus”, afirmou.

O ministro afirmou, durante a leitura de seu voto, que o país quase voltou a ser uma ditadura após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Voto divergente

Por outro lado, Fux defendeu que não há provas suficientes para incriminar Bolsonaro e a maioria dos réus. Para ele, não ficou demonstrada a liderança de Bolsonaro ou sua participação direta nas ações investigadas.

Fux dividiu a acusação em três frentes: a chamada “Abin Paralela”, ações contra o sistema eleitoral e a tentativa de golpe. Em todos os casos, concluiu pela falta de provas. Sobre as críticas ao sistema eleitoral, defendeu que não configuram crime, já que a lei exige a presença de violência para caracterização.

Além disso, Fux acolheu um pedido das defesas, conhecido como preliminar, e afirmou que o STF não tem competência para julgar o caso, pois os réus não possuem foro privilegiado.

Com isso, Fux defendeu a anulação de todos os atos do processo. Apesar de seu voto, com a maioria já formada, o julgamento segue agora para os votos finais dos ministros Cristiano Zanin e Luiz Fux.

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Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.
Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.
Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.
Jornalista formada pela UFMG, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já atuou na produção de programas da grade, na apuração e na reportagem da Central de Trânsito Itatiaia Emive. Atualmente, contribui como repórter na editoria de política.
Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.
Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio