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Moraes retira sigilo de relatório da PF que indicia 36 pessoas no caso da ‘Abin Paralela’

Inquérito apura um suposto esquema de espionagem ilegal com uso da Abin durante o governo Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou nesta quarta-feira (18) o sigilo do relatório da Polícia Federal que indicia 36 pessoas no inquérito que apura um suposto esquema de espionagem ilegal com uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

O documento tem mais de 1,2 mil páginas. O material foi encaminhado ao STF nos últimos dias. Os investigadores afirmam que a Abin supostamente foi utilizada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro para fins políticos.

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O caso

A Polícia Federal concluiu na terça-feira (17) o inquérito sobre a “Abin paralela” e revelou uma lista extensa de pessoas que foram monitoradas ilegalmente por meio de um sistema de espionagem operado clandestinamente dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante o governo de Jair Bolsonaro.

Segundo a investigação, o software FirstMile, que permite rastrear a localização de celulares em tempo real, foi utilizado sem autorização judicial para monitorar autoridades dos Três Poderes, jornalistas, servidores públicos, opositores políticos e até aliados do ex-presidente.

Entre os principais alvos da espionagem irregular, estavam:

  • Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Dias Toffoli, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF);
  • Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados;
  • João Doria, ex-governador de São Paulo e ex-presidenciável;
  • Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara;
  • Jean Wyllys, ex-deputado federal;
  • Servidores do Ibama, como Hugo Loss, que liderou operações contra garimpo ilegal na Amazônia;
  • Carlos Alberto Litti Dahmer, representante de caminhoneiros que criticou o governo;
  • Funcionários do STF, inclusive da área de tecnologia;
  • Jornalistas e comunicadores considerados críticos ao governo.

A lista de monitorados inclui ainda nomes que estavam fora da política ativa, mas que, de alguma forma, representavam oposição, crítica ou risco à estabilidade do governo Bolsonaro, segundo a leitura dos envolvidos no esquema.

A PF também identificou picos de uso do sistema durante as eleições municipais de 2020, sugerindo possível tentativa de influência no processo eleitoral. Outra prática revelada foi a do chamado “cercamento”, que consistia em traçar áreas geográficas de interesse para detectar se os alvos circulavam por ali, como ocorreu nas proximidades do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

Com o inquérito concluído, a Polícia Federal reforça que a espionagem teve motivações políticas e eleitorais, com o objetivo de fortalecer Bolsonaro no poder e atacar adversários. O caso agora segue para análise da Procuradoria-Geral da República.

Jornalista com trajetória na cobertura dos Três Poderes. Atuou como editora de política nos jornais O Tempo e Poder360. Atualmente, é coordenadora de conteúdo na Itatiaia em Brasília.
Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio