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Moraes pede vista e suspende julgamento sobre desoneração da folha

Ministro interrompe análise que discutia prorrogação do benefício fiscal para 17 setores e pequenos municípios

Alexandre de Moraes, ministro do STF.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu vista, ou seja, mais tempo para analisar o processo, e suspendeu o julgamento que discute a prorrogação da desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia e pequenos municípios.

Com o pedido de vista, Moraes tem até 90 dias para devolver o processo para julgamento.

A análise do caso começou na sexta-feira (17) e se encerraria em 24 de outubro. O julgamento ocorre no plenário virtual da Corte, formato em que não há debate entre os ministros, apenas a publicação dos votos.

A ação foi movida pela Advocacia-Geral da União (AGU), que questiona a validade da prorrogação da desoneração aprovada pelo Congresso Nacional.

O órgão argumenta que a lei não apresentou medidas compensatórias para cobrir as perdas de arrecadação geradas pelo benefício fiscal.

O relator do caso, ministro Cristiano Zanin, votou para preservar o acordo firmado entre o Congresso e o governo federal, que estabelece uma compensação pelas perdas e prevê a reoneração gradual.

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Até o momento da suspensão, o placar estava em 3 a 0 pela manutenção do acordo e da desoneração em 2024. Os ministros Gilmar Mendes e Edson Fachin acompanharam integralmente o voto de Zanin.

Segundo o relator, embora o Congresso não tenha apresentado a estimativa de impacto financeiro da medida, o entendimento é de que a anulação da lei traria insegurança jurídica e impactos econômicos significativos.

O que é a desoneração

Criada em 2011, a desoneração da folha é um benefício fiscal que substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha salarial por alíquotas entre 1% e 4,5% sobre o faturamento bruto das empresas.

O objetivo é estimular o emprego e reduzir custos de setores intensivos em mão de obra.

Atualmente, 17 setores são beneficiados com a renúncia fiscal. São eles:

  • confecção e vestuário;
  • calçados;
  • construção civil;
  • call center;
  • comunicação;
  • construção e obras de infraestrutura;
  • couro;
  • fabricação de veículos e carroçarias;
  • máquinas e equipamentos;
  • proteína animal;
  • têxtil;
  • tecnologia da informação (TI);
  • tecnologia da informação e comunicação (TIC);
  • projeto de circuitos integrados;
  • transporte metroferroviário de passageiros;
  • transporte rodoviário coletivo; e
  • transporte rodoviário de cargas.
Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.