‘Meu filho agora pode descansar em paz’, diz mãe de criança de 7 anos soterrada em Mariana

Gelvana Rodrigues diz que decisão no Reino Unido representa alívio para atingidos e conta que espera por Justiça se arrastou por 10 anos

Gelvana Rodrigues, mãe de Thiaguinho, morto aos 7 anos em Bento Rodrigues, afirmou que decisão da Justiça em Londres foi recebida com alívio

A decisão da Justiça inglesa, anunciada nesta sexta-feira (14), de considerar a responsabilidade da mineradora BHP no rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, foi recebida com alívio por Gelvana Aparecida Rodrigues, mãe de Thiago Damasceno, menino de 7 anos que foi arrastado e morto pelos rejeitos.

“Hoje para mim o sentimento é de gratidão. Primeiro a Deus, nunca perdi a fé. Deus enviou vocês (advogados que ingressaram com a ação em Londres). Porque se não fosse vocês nós estaríamos sem Justiça. Foi a noite mais longa durante esses 10 anos. A Justiça prevaleceu. E isso é o mais importante para a gente. Meu filho agora pode descansar em paz”, afirmou Gelvana.

Ela e outros moradores que representam os atingidos pelo rompimento da barragem da Samarco, em 2015, participaram de uma entrevista coletiva organizada pelo escritório Pogust Goodhead, para falar sobre a decisão da Justiça no Reino Unido.

Integrante da Comissão dos Atingidos pela Barragem de Fundão e moradora de Bento Rodrigues, Mônica dos Santos também comemorou a decisão divulgada nesta sexta-feira (14).

Ela cobrou ainda uma posição da Justiça brasileira e afirmou que aguarda um recurso sobre a punição para envolvidos no Brasil.

“Me chamo Mônica dos Santos, sou da comunidade de Bento Rodrigues. Hoje é um dia de muita alegria. São 10 anos esperando. Que isso sirva para a Justiça brasileira aprender, ver o que ela não fez em 10 anos. Que a Justiça brasileira possa rever a decisão inocentando os réus e as empresas. Entramos com recurso e estamos esperando ele ser julgado no Brasil. Essa decisão de hoje, que venha a ajudar no processo de responsabilização penal no Brasil”, afirmou.

Decisão no Reino Unido

A justiça do Reino Unido decidiu nesta sexta-feira (14), em julgamento que aconteceu em Londres, no Reino Unido, que a mineradora BHP é responsável pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana.

A sentença desta sexta-feira (14) representa o primeiro reconhecimento formal da responsabilidade da BHP na tragédia. A mineradora é uma das controladoras da Samarco, empresa que operava a barragem.

Mineradoras pretendem recorrer

Após a decisão da Justiça do Reino Unido, que nesta sexta-feira (14) considerou a mineradora BHP responsável pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, em 2015, a empresa informou que pretende recorrer da decisão.

Em nota, a BHP afirmou que continua empenhada, juntamente com a Vale e a Samarco, no processo de reparação, seguindo o acordo firmado no Brasil.

“A BHP Brasil, junto à Vale e Samarco, continua empenhada na implementação do acordo firmado em outubro de 2024, o qual assegurou um total de 170 bilhões de reais para os processos de reparação e compensação em curso no Brasil”, diz a empresa.

“Desde 2015, aproximadamente 70 bilhões de reais foram pagos diretamente às pessoas da Bacia do Rio Doce e direcionados às entidades públicas no Brasil. Mais de 610 mil pessoas receberam indenização, incluindo aproximadamente 240 mil autores na ação do Reino Unido que outorgaram quitações integrais. A Corte inglesa confirmou a validade dos acordos celebrados, o que deverá reduzir significativamente o tamanho e valor da ação em curso. A BHP continua confiante de que as medidas tomadas no Brasil são o caminho mais efetivo para uma reparação integral às pessoas atingidas e ao meio ambiente e seguirá com sua defesa no caso britânico”, finaliza a mineradora.

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Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.
Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.

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